Pesquisadores da USP e do Hospital Sírio-Libanês alertam para impactos da pandemia e recessão no cenário atual


São Paulo
No mês de setembro, a temporada de música de câmara do Theatro São Pedro traz um programa especial que celebra os 150 anos de nascimento do compositor Arnold Schönberg (1874–1951): o espetáculo ‘Pierrot Lunaire’ será promovido nos dias 14 (sábado, 20h) e 15 (domingo, 17h), sob regência de Ricardo Bologna, tendo a presença da solista Laiana Oliveira e dos bailarinos da Studio3 Cia de Dança, com coreografia de Anselmo Zolla. Caetano Vilela assina a encenação e a iluminação.
O programa visa destacar a importância e a inventividade da escrita de Schönberg, que serviu de base e inspiração para inúmeras composições no século 20 e segue influenciando a música do século 21. Por isso, a abertura do espetáculo será com a obra ‘A Palavra’, invocação para uma língua que revive, da compositora brasileira Michelle Agnes (1979-), que também traz experimentos com a linguagem musical e apresenta texto da escritora brasileira Micheliny Verunshk (1972-).
Composta por Schönberg em 1912, ‘Pierrot Lunaire’ é uma peça baseada em 21 poemas do ciclo ‘Pierrot Lunaire: Rondels Bergamasques’, de Albert Giraud. A obra foi escrita para soprano e um pequeno conjunto de câmara com flauta, clarinete, violino, violoncelo e piano, sendo um marco na história da música, especialmente pela sua técnica vocal inovadora, como explica o regente Ricardo Bologna. “É uma obra magnífica, referência na história da música ocidental. Primeiramente, Schönberg se vale de um grupo de câmara menor, uma mudança radical em relação às grandes formações orquestrais da época, e utiliza a voz de forma mais declamatória, com a técnica que ele desenvolveu chamada sprechgesang, ou canto falado, em que a cantora mescla declamação e canto, o que foi algo muito inovador. A composição de Michelle Agnes também é bastante inovadora, com um pequeno grupo de música de câmara, mas uma formação ainda mais diferenciada por usar guitarra elétrica”, explica.
Responsável pela encenação e a iluminação, Caetano Vilela destaca que as obras possuem mais diferenças do que semelhanças, apesar do experimento da linguagem musical. “Cenicamente optei pela participação de bailarinos em Pierrot Lunaire, com coreografia de Anselmo Zola, para expandir no corpo dos bailarinos os sentimentos de amor e morte da personagem. Nisso, a luz é determinante nas atmosferas lunares e terrestres que acompanham a narrativa seca. Já em A Palavra, invocação para uma língua que revive, deixei o experimento musical falar mais alto devido à própria concepção musical e dificuldade vocal, motivo pelo qual a cantora seguirá um caminho onde as partituras musicais estarão espalhadas pelo palco”, diz ele, salientando que o que une cenograficamente os números é um imenso pano de fundo com transparência e efeitos espelhados, que tanto pode representar o espaço sideral de Pierrot Lunaire quanto a paisagem concreta evocada no poema de Micheliny Verunschk para A Palavra, invocação para uma língua que revive.
Transmissão ao vivo | O concerto do dia 14 de setembro, sábado, às 20h, será também transmitido ao vivo gratuitamente pelo canal de YouTube do Theatro São Pedro.
Serviço:
Pierrot Lunaire
Músicos da Orquestra do Theatro São Pedro
Studio 3 Cia de Dança
Ricardo Bologna, regência
Caetano Vilela, encenação e iluminação
Anselmo Zolla, coreografia
Laiana Oliveira, solista
PROGRAMA
MICHELLE AGNES (1979-)
A Palavra, invocação para uma língua que revive
[Texto de Micheliny Verunshk]
[INTERVALO]
ARNOLD SCHÖNBERG (1874–1951)
Pierrot Lunaire, Op. 21
Ensaio geral aberto e gratuito: 13 de setembro, sexta-feira, 19h
Concertos: 14 de setembro, sábado, 20h | 15 de setembro, domingo, 17h
Ingressos: R$35 (meia) e R$70 (inteira)
Classificação etária: Livre
Duração: 71 minutos (com intervalo)
Local: Theatro São Pedro (Rua Barra Funda, 171, São Paulo – SP)
THEATRO SÃO PEDRO
Com mais de 100 anos, o Theatro São Pedro tem uma das histórias mais ricas e surpreendentes da música nacional. Inaugurado em uma época de florescimento cultural, o teatro se insere tanto na tradição dos teatros de ópera criados na virada do século XIX para o XX quanto na proliferação de casas de espetáculo por bairros de São Paulo. Ele é o único remanescente dessa época em que a cultura estava espalhada pelas ruas da cidade, promovendo concertos, galas, vesperais, óperas e operetas. Nesses mais de 100 anos, o Theatro São Pedro passou por diversas fases e reinvenções. Já foi cinema, teatro e, sem corpos estáveis, recebia companhias itinerantes que montavam óperas e operetas. Entre idas e vindas, o teatro foi palco de resistência política e cultural e recebeu grandes nomes da nossa música, como Eleazar de Carvalho, Isaac Karabtchevsky, Caio Pagano e Gilberto Tinetti, além de ter abrigado concertos da Osesp. Após passar por uma restauração, foi reaberto em 1998 com a montagem de La Cenerentola, de Gioacchino Rossini. Gradativamente, a ópera passou a ocupar lugar de destaque na programação do São Pedro, e em 2010, com a criação da Orquestra do Theatro São Pedro, essa vocação foi reafirmada. Ao longo dos anos, suas temporadas líricas apostaram na diversidade, com títulos conhecidos do repertório tradicional, obras pouco executadas, além de óperas de compositores brasileiros, tornando o Theatro São Pedro uma referência na cena lírica do país. Agora o Theatro São Pedro inicia uma nova fase, respeitando sua própria história e atento aos novos desafios da arte, da cultura e da sociedade.
STUDIO3 CIA DE DANÇA
A Studio3 Cia De Dança representa a consolidação do trabalho do coreógrafo e diretor Anselmo Zolla. Com direção geral de Evelyn Baruque desde a sua criação em 2005 e tendo a excelência no olhar, a companhia é responsável por grandes espetáculos que marcam a cena da dança contemporânea de hoje. Em 2008 é convidada por Olaf Schmidt para participar da Aids-Tanz-Gala, em Regensburg (Alemanha). A partir de 2010, com a direção teatral de José Possi Neto, criam as obras Martha Graham Memórias (2010) e Samba Suor Brasileiro (2011), ambas apresentadas em Paris (França) no Théâtre de La Porte Saint- Martin e no Casino de Paris respectivamente. Em 2012 estreia Teu Corpo é Meu Texto obra coreografada por Anselmo Zolla e dirigida por José Possi Neto com a participação especial de Christiane Torloni. Hoje conta com 18 intérpretes em seu elenco, provenientes de diversas formações e origens profissionais.
(Fonte: Com Julian Schumacher/Santa Marcelina Cultura)
O Blue Note São Paulo vai receber o aclamado compositor e artista nigeriano-britânico Xantoné Blacq nesta quinta-feira, dia 5, às 22h30. Blacq traz uma experiência musical curiosa, acumulando na carreira destaques como os dois anos que se apresentou como pianista de Amy Winehouse. A apresentação em São Paulo celebrará sua conexão pessoal e profunda entre a cultura brasileira e soul, jazz e funk music. Ao longo da noite, ele vai receber convidados como o percussionista Marco Bosco, Patricia Marx, Flavia K e Bruno E. O público pode esperar música de qualidade e diversão e deve estar preparado para cantar e dançar.
Já no domingo (8), às 19h, Andru Donalds, um dos grandes talentos que a Jamaica exportou para o mundo, volta ao Brasil e se apresenta no Blue Note São Paulo. No repertório, grandes sucessos do artista da década de 90, versões de hits mundiais e a inédita ‘Seeds Of Despair’. ‘Save Me Now’, ‘Mishale’, ‘Lovin You’, ‘All Out of Love’ são algumas das músicas que chegaram ao topo das paradas brasileiras e estão garantidas no show. Os ingressos estão à venda via Eventim.
A casa paulista, referência em música, vai celebrar as carreiras de dois grandes nomes da música brasileira. Na sexta-feira (6) às 20h, a banda Mar Aberto se apresenta em comemoração aos oito anos de de trajetória. No repertório, hits como ‘Se Fosse Tão Fácil’, ‘Logo Agora’, e ‘De Repente É’, algumas faixas que são pedidos frequentes dos fãs como ‘Nossas Estações’ e ‘Califórnia’ e também os mais recentes lançamentos como ‘Com Vida’. Entre as músicas, Thi e Gabi contam histórias que revelam de onde surgiram as inspirações para muitas de suas canções.
Na terça-feira, (10), às 20h, é a vez de Monique Kessous celebrar os 15 anos de carreira autoral com o show da turnê ‘O meu som é seu de perto’. O show, cujo título foi retirado de um dos versos de ‘Coração’, uma de suas canções mais reverberadas, traz sua obra em formato acústico, acompanhada pelo irmão, violonista e principal parceiro musical, Denny Kessous. No repertório, estão canções dos dois em parceria, como a recém lançada ‘Caminho de quem passa’ e as aclamadas ‘Aonde eu for’, ‘Noites sem Luar’ e ‘Viada’, além de outros sucessos de Monique, como ‘Eu sem você’ e ‘Pitangueira’ e ‘Meu papo é Reto’ (parceria com Chico César, gravado com Ney Matogrosso).
Os tributos, uma das marcas registradas da casa, também estão na programação desta semana. Na quinta-feira (5), às 20h, é a vez da banda Pat Metheny Project, um tributo emocionante ao lendário Pat Metheny Group. Com uma formação completa que inclui percussão, voz, teclado, baixo e bateria, a banda trará à vida clássicos como ‘James,’ ‘Minuano,’ e ‘Third Wind.’
Já no sábado, (7), às 22h30, a banda Diamond Dogs apresenta o seu tributo a David Bowie. O público poderá ver performances memoráveis incluindo ‘Rebel Rebel’ e ‘The Man Who Sold the World’, inspiradas no show ao vivo na BBC Radio Theatre em 2000; ‘Fame’ e ‘Absolute Beginners’ – extraídas da apresentação marcante no Glastonbury, em 2000; ‘Stay’, uma homenagem ao concerto no Nassau Coliseum, em 1976; e ‘Let’s Dance’, uma interpretação do filme Moonage Daydream, de 2023.
E na quarta-feira, dia 11, Mateus Sartori apresenta Vozes do Sertão: De Gonzagão a Dominguinhos, fazendo uma homenagem e revisitando a obra de Luiz Gonzaga, Dominguinhos, seus parceiros, intérpretes e amigos musicais. Acompanhado de Guilherme Ribeiro (piano e acordeon) e Fernando Baeta (violão e guitarra), Mateus Sartori convida a plateia a soltar a voz cantando sucessos como ‘Asa Branca’, ‘Qui Nem Jiló’, ‘O Xote das Meninas’, ‘Sabiá’, ‘De Volta pro Aconchego’, ‘Eu Só Quero Um Xodó’ e muitas outras conhecidas do grande público.
PROGRAMAÇÃO
5/9
20h: Pat Metheny Project
22h30: Xantoné Blacq – My Brazilian Soul Xantoné Blacq – My Brazilian Soul (live from London)
6/9
20h: Mar Aberto 8 Anos de Amor e Música
22h30: Banda Black Rio – Clássicos BBR
7/9
20h: Nduduzo Makhathini – Afrojazz in Town
22h30: Diamond Dogs – Tributo a David Bowie
8/9
19h: Andru Donalds
10/9
20h: Monique Kessous – O Meu Som É Seu de Perto
22h30: Bruna Moraes e Elder Costa – Entre o Mar e o Céu
11/9
20h: Mateus Sartori – Vozes do Sertão: De Gonzagão a Dominguinhos.
Sobre o Blue Note SP
Uma das marcas de música mais valiosas do mundo e love brand para os amantes da boa música, a franquia Blue Note encontrou em São Paulo nova morada a partir da visão de um dos sócios, Luiz Calainho, frequentador assíduo da matriz nova iorquina e que sempre nutriu o sonho de trazer a marca para o Brasil.
Desde a abertura, o espaço, eleito como a melhor casa com música ao vivo pelo júri do guia O Melhor de São Paulo, com atendimento 5 estrelas, recebeu estrelas consagradas como Macy Gray, Stanley Jordan, Paulinho da Viola, Maria Rita, Elba Ramalho, Azymuth, Ed Motta e João Bosco. A casa também abre as portas para novos talentos e revelações da música brasileira como Xênia França, Ana Cañas, Rael, Agnes Nunes e Tim Bernardes, entre tantos outros.
Serviço:
Blue Note São Paulo
Endereço: Conjunto Nacional – Avenida Paulista 2073 – 2º Andar – Consolação – São Paulo/SP
Shows: 20h | 22h30 (abertura da casa às 19h)
Classificação etária: 18 anos | menores, apenas acompanhados dos pais ou tutores legais, conforme Lei 8.069/90 e Portaria 502 de 2021 do Ministério da Justiça e Segurança Pública
Clientes Porto Bank tem 30% de desconto nos ingressos e 15% de desconto na consumação pagando com cartão de crédito Porto Bank
A Eventim e o Blue Note não se responsabilizam por compras efetuadas em canais não oficiais.
(Fonte: Com Gabriella Murad Rume/Lupa Comunicação)
Nos dias 7, 11, 18 e 25 de setembro de 2024 (sábado e quartas-feiras), sempre às 20h30, com entrada gratuita, o Coletivo Pedra Rubra (@coletivopedrarubra) inicia a temporada de reestreia do espetáculo teatral ‘Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas’, com apresentações no Centro Cultural da Diversidade, que fica na Rua Lopes Neto, 206, Itaim Bibi, na Zona Oeste de São Paulo (SP).
O espetáculo narra as histórias de vida de três mulheres que vivem em décadas distintas, demarcando as nuances do tempo e da época em que cada uma delas está inserida. Até que um dia, ao quebrar as barreiras do tempo cronológico, elas se cruzam e acabam percebendo que, independentemente do tempo em que se vive, todas as mulheres ainda caminham sob ‘olhos sociais’ que ditam seus corpos, suas escolhas e suas atitudes. E seguem engolindo, em doses homeopáticas, toda a dor que carrega uma mulher.
‘Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas’ retrata as opressões, abusos e violências que as mulheres sofrem no seu dia-a-dia por meio de uma linha do tempo traçada entre os anos de 1949, 1989 e 2024. As dores e sofrimentos dessas mulheres são representadas também por pequenas doses que, poeticamente, gotejam no palco ao longo de todo o espetáculo, até o momento em que essas doses aumentam gradativamente.
Dentre tantos sofrimentos e dores, as personagens cometem ações extremas consideradas imorais e/ou ilegais. Em razão disso, durante todo o espetáculo, essas mulheres são julgadas, seja pelo seu comportamento ou por suas atitudes, e o público oscila no exercício dos papéis de júri e espectador.
As ações fazem parte do projeto ‘Mulheres do Corre – Das Lutas Inglórias Nasce o Sol de Todo Dia’ do Coletivo Pedra Rubra, contemplado na 42ª edição do Programa Municipal de Fomento ao Teatro para a cidade de São Paulo – Secretaria Municipal de Cultura, com o qual o grupo celebra dez anos.
O objetivo do projeto é pesquisar e criar sobre essas ‘mulheres do corre’*, partindo da pergunta “O que é ser uma mulher periferia na sociedade atual?”, sendo este também o ponto de partida para o processo de criação e pesquisa do experimento cênico. “Compreendemos que as mulheres do corre são aquelas que vivem na margem, longe das regiões centrais e que trabalham, pagam conta, cuidam de filhos, da casa. Mulheres que têm seus próprios corpos e histórias como exemplos de resistência; a sua vida é uma luta diária, uma busca constante de se manter viva mesmo com tantos desafios e discriminações”, comenta o coletivo.
Buscando evidenciar os caminhos que essas mulheres percorrem, aquilo que atravessa seus corpos, suas vozes e pensamentos, o grupo optou por se afastar de referências eurocêntricas e de mulheres burguesas, para aprofundar o olhar para a verdadeira realidade das mulheres da periferia.
Informações: www.instagram.com/coletivopedrarubra/ e www.facebook.com/coletivopedrarubra
Teaser: https://www.youtube.com/watch?v=peRDPEptEuc
Ficha Técnica – Criação, encenação, direção e dramaturgia: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Elenco: Beliza Trindade, Juliana Aguiar e Lilian Menezes. Voz em off: Bruno Trindade. Criação de Trilha Sonora: Yuri Christoforo. Arranjo Tranças Trançados: Welligton Benardo e Jéssica Evangelista. Figurinista: Laura Alves. Designer de Luz: Rodrigo Pivetti. Cenário: Juliana Aguiar. Produção: Coletivo Pedra Rubra. Produtoras: Beliza Trindade e Priscila Lopes. Assistente de produção: Juliana Aguiar. Assessoria de imprensa: Luciana Gandelini. Fotos: Gunnar Vargas. Identidade visual: Bartira Trindade.
Serviço:
Reestreia do Espetáculo Engolindo Mágoas em Doses Homeopáticas com Coletivo Pedra Rubra
Sinopse: O espetáculo conta a história de três mulheres que vivem em décadas distintas – 1949, 1989 e 2024. Diante de um tribunal, as personagens vão vivendo suas histórias ao mesmo tempo que respondem a um julgamento, traçando questionamentos e reflexões acerca da posição da mulher na sociedade.
Duração: 50 minutos
Grátis
Classificação: acima de 14 anos
Quando: 7, 11, 18 e 25 de setembro de 2024 (sábado e quartas-feiras) | Horário: 20h30
Onde: Centro Cultural da Diversidade – Endereço: Rua Lopes Neto, 206 – Itaim Bibi – Zona Oeste – São Paulo (SP)
Capacidade: 186 lugares
Acessibilidade: não
Não possui estacionamento.
(Fonte: Com Luciana Gandelini Assessoria de Imprensa)
Mauricio Kaschel apresenta a exposição ‘Atípico’ no Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba (MACC), sob curadoria de Claudia Lopes, onde apresenta uma proposta sobre a reflexão dos padrões sociais estabelecidos, celebrando a singularidade de cada indivíduo e questionando conceitos de normalidade e anormalidade.
O artista desenvolveu uma produção que desafia as convenções estéticas e narrativas tradicionais. Utilizando uma paleta monocromática e o papelão como suporte, suas obras dialogam com a solitude e a introspecção, convidando o público a refletir sobre a inclusão e a diversidade. Suas figuras solitárias, em poses meditativas, expressam a complexidade de sua experiência como indivíduo. A curadora Claudia Lopes destaca que a exposição é um manifesto visual que questiona as normas sociais e celebra a diferença. Segundo ela, “ao desvendar os mistérios do papelão e da cor, o artista nos convida a olhar além das aparências e a reconhecer a beleza na diversidade humana”. Essa abordagem introspectiva é fundamental para a compreensão do trabalho de Kaschel, que utiliza sua arte como uma ferramenta para explorar sua identidade e o lugar do indivíduo na sociedade.
Sua produção é marcada por uma técnica autodidata que alia experimentação a uma meticulosa atenção aos detalhes. Sua escolha pelo suporte rústico e imperfeito reflete seu desejo de criar uma conexão direta com a realidade material e as deficiências existentes na vida cotidiana. Cada corte no papelão simboliza as cicatrizes da existência humana, refletindo sua jornada pessoal e artística.
‘Atípico’ também integra a condição neuro divergente de Kaschel em sua prática artística. Diagnosticado no Espectro Autista nível 1 aos 35 anos, encontrou na arte um meio de expressão que transcende as limitações impostas pelas normas sociais. ‘Atípico’ é, portanto, uma afirmação de sua identidade e não uma celebração da neurodiversidade, abordando temas como autenticidade, autorreflexão e alerta social. A mostra propõe uma reflexão sobre as relações humanas no contexto da arte contemporânea. O trabalho de Kaschel valoriza a autoaceitação, desafiando as normas e expectativas da sociedade.
Claudia Lopes observa que, em um mundo que frequentemente busca conformidade, ‘Atípico’, um grito de liberdade e aceitação, celebrando a pluralidade humana em todas as suas formas, convida o público a um diálogo introspectivo. Nas profundezas do azul, por exemplo, o artista encontra os segredos antigos, os mistérios do universo ecoando nas dobras do material. Cada obra é uma dança entre luz e sombra, um eco das palavras não ditas que reverberam na memória do observador.
‘Atípico’ se posiciona como uma reflexão profunda sobre a arte e a condição humana, explorando suas complexidades e o fazer artístico como meio de expressão individual e coletiva. A exposição oferece ao público uma oportunidade única de se engajar com questões fundamentais sobre a identidade, a diferença e a inclusão por meio do olhar sensível e da técnica apurada de Mauricio Kaschel.
Sobre o artista | Maurício Kaschel (Campinas, SP) iniciou sua trajetória artística aos 12 anos, com uma exposição no Hospital de Câncer Infantil Boldrini, onde foi tratado de uma grave condição de saúde. Graduado em Cinema pela Faculdade de Cinema e Mídias Digitais (Brasília, DF), dedicou uma década ao audiovisual atuando como roteirista e colorista. Publicou livros infantis e infantojuvenis e exerceu diversas funções além de professor de artes e storyteller. Em 2022, redirecionou seu foco para as artes visuais, sendo reconhecido em 2023 com o prêmio do 45° Salão de Artes Plásticas Waldemar Belisário, em Ilhabela, SP. Participou de residência artística no Ateliê Ziriguidum, em Poços de Caldas, MG, e já expôs suas obras em diversas mostras, individuais e coletivas, incluindo ‘Caminho’ (2023), Salão de Arte Univap (2024) e a XX Mostra de Arte do Vale do Paraíba (2024).
Serviço:
Exposição Atípico, de Maurício Kaschel
Curadoria: Claudia Lopes
Abertura: 6 de setembro de 2024, sexta-feira, às 18h
Período: 7 de setembro a 26 de outubro de 2024 | Horários: segunda a sábado, das 10h às 18h
Local: MACC – Museu de Arte e Cultura de Caraguatatuba
Endereço: Praça Dr. Cândido Motta, 72 – Centro, Caraguatatuba – SP
Telefone: (12) 3883-9980.
(Fonte: Com Silvia Balady/Balady Comunicação)
Com a implementação do sistema do manejo sustentável, pirarucu voltou a ser abundante na região. Foto: Eduardo Anizelli.
Celebrado na culinária por seu sabor e versatilidade, o pirarucu (Arapaima gigas) não é apenas um dos maiores peixes de água doce do mundo, mas também o protagonista de uma das iniciativas mais bem-sucedidas de conservação e geração de renda na Amazônia: o manejo sustentável do pirarucu. Em 2024, essa iniciativa exemplar celebra 25 anos de implementação.
Em 1990, o Brasil começou a adotar medidas restritivas para a pesca do pirarucu que culminaram na proibição total em 1996. Na época, a pesca predatória quase levou à extinção da espécie e o pirarucu entrou para a lista da Convenção sobre Comércio Internacional das Espécies da Flora e Fauna Selvagens em Perigo de Extinção (Cites).
Povo Paumari do Tapauá realiza manejo do pirarucu há mais de dez anos e se tornou referência nacional na atividade pela excelência do trabalho. Foto: Marizilda Cruppe.
Com a implementação do sistema do manejo, o pirarucu voltou a ser abundante nos rios amazônicos, aumentando sua população em 99% entre 2012 e 2016, com um crescimento médio anual de 19%, segundo diagnóstico feito pelo Coletivo do Pirarucu em 31 áreas protegidas e de acordos de pesca do Amazonas. Além de conservar o pirarucu e a biodiversidade, o manejo sustentável trouxe benefícios como aumento da renda, fortalecimento da organização social, redução das desigualdades, maior segurança alimentar e significativa melhoria na qualidade de vida das comunidades indígenas e tradicionais.
O protagonismo indígena no manejo do pirarucu
O povo Paumari do Tapauá e os Deni do Xeruã também fazem parte dessa história de sucesso. Conhecido como ‘povo das águas’, os Paumari do Tapauá foram um dos pioneiros na implementação do manejo sustentável do pirarucu em terras indígenas. Em 2013, realizaram sua primeira pesca manejada e hoje são uma referência nacional na atividade conquistando, a partir da proteção dos lagos e da regulação da pesca, um aumento de mais de 600% da população de pirarucu em seu território desde a primeira contagem, em 2009. “Hoje a gente tem a nossa cozinha, o nosso flutuante de pré-beneficiamento do peixe, tem nossas bases de vigilância para proteção do nosso território. A gente tem nossa riqueza e podemos proteger isso”, explica Kamelice Paumari, indígena do povo Paumari e coordenadora temática do trabalho das mulheres na Associação Indígena do Povo das Águas (AIPA).
Cooperação entre povos Paumari e Deni acontece desde a primeira pesca de pirarucu feita pelos Deni, em 2016. Foto: Adriano Gambarini/OPAN.
Já o povo Deni do rio Xeruã contou com a experiência dos Paumari para realizar a implementação do manejo em seu território. Manejadores do povo Paumari estiveram presentes nas duas primeiras pescas manejadas realizadas pelos Deni, em 2016 e 2017, contribuindo com a experiência adquirida ao longo dos anos, inclusive na etapa de pré-beneficiamento do pescado, na qual os Paumari são conhecidos pela alta qualidade.
Em 2023, superando as adversidades da forte estiagem dos rios, o povo Deni do rio Xeruã não apenas conseguiu realizar a sua pesca anual de pirarucu, como alcançou a maior cota em seis anos de manejo sustentável: 150 pirarucus, totalizando cerca de 9,5 toneladas de pescado.
Homenagens foram entregues por Abimael Paumari, manejador e coordenador de contagem do povo Paumari, pela artista Lívia Rocha e pelo fotógrafo Adriano Gambarini. Foto: Talita Oliveira.
O manejo do pirarucu dos povos Paumari e Deni é apoiado há mais de uma década pelo projeto Raízes do Purus, realizado pela Operação Amazônia Nativa (OPAN) com patrocínio da Petrobras e do Governo Federal. Somente em 2023, as comunidades geraram uma receita bruta superior a R$300 mil com a atividade, que recuperou a população de pirarucu e fortaleceu a vigilância dos territórios, além de garantir a segurança alimentar e ajudar a conservar milhares de hectares de floresta.
25 anos de manejo do pirarucu
A primeira iniciativa de manejo de base comunitária foi implementada inicialmente na Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS) Mamirauá, no Amazonas. A proposta desse modelo foi desenvolvida pelo Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá com base em pesquisas realizadas junto aos pescadores da região e incorporada como política pública pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) em 2 de junho de 1999.
O manejo sustentável do pirarucu reúne um conjunto de diretrizes para a conservação da biodiversidade e a preservação dos estoques de peixe. É somente com a implementação dessas diretrizes, restrita a áreas pertencentes a Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Áreas de Acordos de Pesca, que a pesca do pirarucu é permitida.
Homenagens foram entregues por Abimael Paumari, manejador e coordenador de contagem do povo Paumari, pela artista Lívia Rocha e pelo fotógrafo Adriano Gambarini. Foto: Talita Oliveira.
Em reconhecimento ao papel essencial do Ibama e do Instituto Mamirauá na implementação do manejo sustentável do pirarucu, a OPAN, por meio do projeto Raízes do Purus, homenageou as duas instituições durante as celebrações dos 25 anos da atividade. A artista amazonense Lívia Rocha, a convite do projeto, produziu duas obras exclusivas para presentear as instituições, feitas com base em fotografias feitas pelo fotógrafo Adriano Gambarini durante as atividades de manejo do pirarucu dos povos Deni e Paumari.
As homenagens foram entregues em junho, durante o encerramento do encontro de manejadores do pirarucu promovido pelo Ibama. “Hoje, 25 anos depois, celebramos não apenas o sucesso ecológico, mas também o fortalecimento das comunidades, a valorização do conhecimento ancestral e a união para construção coletiva de um presente e um futuro sustentável. As duas instituições, Ibama e Instituto Mamirauá, estão intrinsecamente ligadas à história do manejo do pirarucu. O Mamirauá, com seu trabalho incansável e pioneiro de pesquisa e formulação da proposta. O Ibama, com sua missão institucional, sensibilidade e poder de transformar uma ideia em política pública”, diz trecho da nota em homenagem.
(Fonte: Com Jéssica Amaral/DePropósito Comunicação de Causas)