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Indígenas são tema de exposição fotográfica no SESI Amoreiras

Campinas, por Kleber Patricio

Foto: Dani Sandrini.

O Espaço Galeria do SESI Campinas Amoreiras recebe, a partir desta quinta, 4 de agosto, a exposição “Terra Terreno Território”, da fotógrafa e artista visual Dani Sandrini. Com visitação gratuita e acessibilidade, a exposição traz obras com audiodescrição e peças táteis.

No evento de abertura, nesta quinta, às 19h30, o público participa de bate-papo com a presença da artista, do indígena Netuno Borum Krekmun (artesão e liderança indígena) e de Wagner Souza e Silva (curador da exposição).

Com o objetivo de provocar reflexões sobre como é ser indígena nas grandes cidades, no século XXI, Dani Sandrini utiliza duas técnicas de impressão fotográfica do século XIX. As imagens foram captadas na Grande São Paulo, em aldeias indígenas (onde predomina a etnia Guarani) e no contexto urbano (que abriga aproximadamente 53 etnias), durante o ano de 2019.

Foto: Beto Assem.

“Terra Terreno Território” é composta por dois agrupamentos fotográficos. No primeiro, a impressão é feita artesanalmente em papéis sensibilizados com o pigmento extraído do fruto jenipapo (o mesmo que indígenas usam nas pinturas corporais). E, no segundo, diretamente em folhas de plantas (taioba, singônio, malvavisco, amora e batata doce). Os processos – chamados de antotipia e fitotipia, respectivamente – se dão artesanalmente, por meio da ação da luz solar, em tempos que vão de três dias a cinco semanas de exposição.

As imagens fotográficas – de tamanhos que variam entre 10×15 a 50x75cm – trazem uma temporalidade inversa à prática fotográfica vigente, da rapidez do click e da imagem virtual. “O tempo de exposição longo convida à desaceleração para observar o entorno com outro tempo e sob outra perspectiva. Como a natureza, onde tudo se transforma, esses processos produzem imagens vivas, uma referência à permanente transformação da cultura indígena, que não ficou congelada 520 anos atrás”, reflete a artista.

A delicadeza do processo orgânico traz também uma consequente fragilidade para as fotografias com a passagem do tempo. A artista explica que “dependendo da incidência de luz natural diretamente na imagem, por exemplo, pode levá-la ao apagamento”. Sandrini considera esta possibilidade como um paralelo ao apagamento histórico que a cultura indígena vem sofrendo em nosso país. Ela diz que “a proposta favorece também a discussão acerca da fotografia com seu caráter de memória e documento como algo imutável, ampliando seus contornos e podendo se vincular ao documental de forma bem mais subjetiva. A certeza é a transformação. A foto não congela o tempo. Os suportes que aqui abrigam as fotografias geram outros significados”, reflete.

Foto: Dani Sandrini.

Com “Terra Terreno Território”, a fotógrafa alerta para a necessidade de compreender a cultura indígena para além dos clichês que achatam a diversidade do termo. “Aqui, a intenção é exatamente oposta: é desachatar, lembrar que muitos indígenas vivem do nosso lado e nem nos damos conta. Já se perguntaram o porquê de essa história ter sido apagada?”, comenta Dani que, no projeto, fotografou pessoas de diversas etnias, oriundas de várias regiões do país, ora posando para um retrato ora em suas rotinas, suas atividades, seus eventos, rituais ou celebrações.

“Terra Terreno Território” nasceu do projeto Darueira, em 2018, contemplado no 1° Edital de Apoio à Criação e Exposição Fotográfica, da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo por meio da Supervisão de Fomento às Artes. Realizado em 2019, ganhou exposição na Biblioteca Mario de Andrade de outubro a dezembro. Em 2020 (no formato online, devido à pandemia), a exposição passou pela Galeria Municipal de Arte do Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes (Chapecó/SC), Cali Foto Fest (Colômbia) e Pequeno Encontro de Fotografia (Olinda/PE). Em 2021, integrou o Festival Photothings (exposição online no metrô de São Paulo, ensaio escolhido para integrar a Coleção Photothings). Em 2022, além da circulação por unidades do SESI São Paulo, foi selecionada para a Exposição Latinas en París (Fotografas Latam, Fundación Fotógrafas Latinoamericanas).

Foto: Bruna Bombarda.

Dani Sandrini | Fotógrafa e artista visual, a paulistana Dani Sandrini desenvolve projetos documentais e artísticos desde 2014, apesar de ser fotógrafa comercial desde 1998. A depender do projeto e suas singularidades, sua fotografia é colocada nas telas ou papéis, mas também pode conter outros elementos que adicionam significados à imagem final, bem como camadas extras de subjetividade. Pesquisa o entrelaçamento de materiais e suportes com a imagem fotográfica e a ação do tempo sobre a mesma. Dani tem experiência em processos fotográficos alternativos e desenvolve projetos utilizando impressão por transferência, fotografia estenopeica, cianotipia, antotipia e fitotipia.

Serviço:

Exposição: Terra Terreno Território

Artista: Dani Sandrini

Abertura: 4 de agosto – quinta, às 19h30

Bate-papo: Dani Sandrini, Netuno Borum Krekmun e Wagner Souza e Silva

Local: Espaço Galeria

Temporada: 5 de agosto a 1º de outubro de 2022

Horário: terça a sábado – das 9h às 11h e das 14h às 20h, exceto feriados

Visitação gratuita – Classificação: Livre.

Acessibilidade: piso tátil, audioguia, 5 obras táteis e 10 obras com audiodescrição

Agendamento escolar e de grupos: caccampinas1@sesisp.org.br.

SESI Campinas Amoreiras

Avenida das Amoreiras, 450 – Parque Itália, Campinas/SP

Tel: (19) 3772-4100 | https://campinasamoreiras.sesisp.org.br/.

(Fonte: Verbena Assessoria)

Conservatório de Tatuí recebe Festival Internacional Ethno Brazil

Tatuí, por Kleber Patricio

Imagem: divulgação.

O Conservatório de Tatuí receberá na quinta-feira, dia 11 de agosto, às 17h, dentro da programação de aniversário dos 196 anos da cidade de Tatuí, uma das etapas do Festival Ethno Brazil 2022. Trata-se de apresentações do maior festival internacional de música tradicional/folk para jovens músicos, fruto de uma parceria da Sustenidos com a Jeunesses Musicales International (JMI). O evento, que será realizado no Teatro Procópio Ferreira, prevê a participação de artistas de diversos países e regiões do Brasil. A entrada é gratuita e os ingressos podem ser adquiridos via plataforma INTI ou pessoalmente na bilheteria do próprio Teatro, de terça a sexta-feira.

Para as celebrações do aniversário de Tatuí, considerada a Capital da Música, e do Conservatório de Tatuí, que completa 68 anos neste ano, ambos no dia 11 de agosto, o público receberá de presente um concerto de música tradicional/folk. O evento será realizado por 26 músicos e dois diretores artísticos vindos de vários países e regiões do Brasil, compartilhando música tradicional de cada lugar em um show que contempla múltiplas experiências culturais.

Para o gerente geral do Conservatório de Tatuí, Gildemar Oliveira, a etapa do Ethno Brazil 2022, realizada no Teatro Procópio Ferreira, será um presente da Sustenidos não só para o maior Conservatório da América Latina como para a Capital da Música. “Nada mais justo do que festejar essa data com excelente música e trazer o Ethno Brazil para a programação do aniversário de Tatuí tem uma relevância muito grande, pois trata-se do evento reconhecido internacionalmente e essa será a oportunidade do mundo conhecer Tatuí”, destaca Oliveira.

O festival Ethno Brazil tem o objetivo de preservar a cultura tradicional por meio do diálogo intercultural, o que facilita a mobilidade de jovens músicos e talentos emergentes, tanto locais quanto no exterior. O festival busca criar oportunidades iguais para músicos de todos os gêneros e celebrar jovens talentos em um ambiente inclusivo, propiciando experiência em condições profissionais. Além da passagem pelo Conservatório de Tatuí, a programação do Ethno Brazil 2022 engloba imersão cultural na Fazenda da Serrinha e realização de concertos didáticos no Teatro Carlos Gomes, em Bragança Paulista (SP), na quarta-feira, dia 10 de agosto. Já na sexta-feira, 12, às 20h, será a vez das apresentações no Theatro Municipal, em São Paulo (SP).

O Festival Ethno Brazil

Criado em 2018, o Ethno Brazil está na sua terceira edição e o objetivo da iniciativa é promover o intercâmbio cultural entre jovens músicos de diversos países e regiões do Brasil. Em 2022, o festival recebeu inscrições de 43 artistas, sendo 23 músicos brasileiros e outras 20 de países estrangeiros. O Ethno Brazil acontecerá de 1º a 13 de agosto e traz artistas de diversos cantos do mundo, como Chile, Moçambique, Iraque, França, Palestina e Argélia, entre outros, além de artistas de diversas regiões do Brasil.

Com o objetivo de promover uma imersão musical e intercâmbio cultural entre várias culturas do mundo, o Ethno Brazil integra o Ethno World, maior festival internacional de música tradicional/folk para jovens músicos de 18 a 30 anos. Criado há 30 anos, o evento é promovido em outros 25 países. Pelo terceiro ano, o festival é realizado no Brasil por meio da parceria da Sustenidos com a Jeunesses Musicales International (JMI), considerada a maior ONG de música para jovens do mundo. A última edição do Ethno Brazil reuniu 28 músicos de várias partes do mundo, com espetáculo final realizado no Auditório do Ibirapuera, em 2019.

O Ethno surgiu na Suécia, em 1990, com a missão de manter vivas as tradições culturais para jovens gerações por meio de um acampamento musical. Partindo de workshops e apresentações, o objetivo é promover o diálogo entre culturas, difundindo conceitos como paz, tolerância, respeito, generosidade e compreensão. O programa culmina em uma série de apresentações, que podem ser autônomas ou conectadas a um festival maior. Em todo o mundo, os concertos Ethno são respeitados pelo virtuosismo e pela positividade.

PARTICIPANTES

– Adam Nicolás Bustios Jara (acordeón) – Chile

– Aníbal da Costa Celestino (guitarra) – Moçambique

– Cristóbal Cerda (percussão) – Chile

– Daniel Romero Alfaro de Miranda, mentor júnior (percussão) – São Paulo/Brasil

– Daroon Rwnd Othman (teclado / alaúde) – Iraque

– Ester Moseis Macuacua (voz) — Moçambique

– Fernanda Monserrat Soto Valdivia (violino) – Chile

– Iago Tojal Araújo (voz/baixo/guitarra/pífano) – Campinas/Brasil

– Igor Santos de Jesus Santos (guitarra/berimbau) – Bahia/Brasil

– Juliana Saemi Murakami (taiko/shinobue) – Paraná/Brasil

– Kayk Isaque da Silva Ferreira (percussão) – Maranhão/ Brasil

– Kesia Pessoa Cordeiro (clarinete) – São Paulo/Brasil

– Leandro Alexandre Venâncio de Almeida (voz/acordeon) – Campinas/Brasil

– Leonardo Venancio Cappi (baixo) – Bahia/Brasil

– Louise Calzada, mentora júnior (voz, cavaquinho) – França

– Luana Paula Carvalho Duarte (percussão) – Piracicaba/Brasil

– Luca D Alessandro (violoncelo) – Campinas/Brasil

– Meliely Francine Sousa (violoncelo) – Bebedouro/Brasil

– Michael Yuri Saito de Camargo (percussão) – Santo André/Brasil

– Romain Valentino, mobilitity (voz/violão) – França/Itália

– Saheb Sara (voz/bendir) – Argélia

– Sara Liliana Tavera Mariño (voz, güiro, chapchas/maracas) – Colômbia

– Tainara da Silva (voz) – Bahia/Brasil

– Thayná Aline Bonacorsi Xavier (voz) – Araraquara/Brasil

– Vinícius Sano de Araújo (flauta) – São Paulo/Brasil

– Yousef Muzahem Saif (buzuq) – Palestina

Líderes artísticos:

– Suchet Malhotra (percussionista/Índia)

– Gabriel Levy (acordeonista/Brasil).

Serviço:

Festival Ethno Brazil 2022 no Conservatório de Tatuí

Data: 11 de agosto, quinta-feira

Horário: 17h00

Local: Teatro Procópio Ferreira

Rua São Bento, 415, Centro, Tatuí-SP

Patrocinadores do Conservatório de Tatuí:

Patrocinador Safira: Nubank

Patrocinadores Diamante: Instituto CCR e Sabesp

Patrocinador Ouro: CSN

Patrocinadores Prata: Cipatex, Eixo SP, Rodovias do Tietê e VISA

Patrocinadores Bronze: Faber-Castell e Case IH (marca da CNH Industrial)

Patrocinadores Sustenidos: Microsoft e Visa

Apoio institucional: Instituto ACP

Parceiro internacional: JM International.

(Fonte: Máquina Cohn & Wolfe)

Jorge Ben Jor se apresenta no Espaço Unimed no sábado, 10 de setembro

São Paulo, por Kleber Patricio

Em apresentação inédita, carioca volta a São Paulo trazendo o melhor do sambalanço. Foto: divulgação.

Com um toque especial de simpatia, Jorge Ben Jor, o mestre do carisma, do ritmo dançante e do balanço envolvente, chega a São Paulo, para uma única apresentação, no Espaço Unimed, dia 10 de setembro (sábado) e promete um show repleto de sucessos.

A assinatura de Jorge é marcada pelo inconfundível ritmo da sua guitarra, que transcende toda e qualquer regra de classificação. Seu estilo foge aos rótulos: é samba com maracatu, bossa com rock, baião com funk. É modernidade com tradição. Tudo começou com o clássico “Samba Esquema Novo”. Pois bem, era Samba, mas fazendo jus ao nome, tinha um esquema novo já trazendo futuros sucessos, como “Mas Que Nada” e “Por Causa de Você Menina”.

O cantor acabara de revolucionar a música brasileira com um estilo único, que colocava em comunhão as raízes brasileiras e africanas por meio de poemas tocantes, repletos de misticismo e energia. Eis que surge a Tropicália. E, junto com ela, as vozes estandartes para a profusão das ideias do carismático compositor e cantor. Caetano, Gilberto Gil e Gal Costa foram os principais intérpretes da obra de Jorge, que estava em uma ascensão cada vez maior.

Diversos movimentos musicais surgiram e ruíram e Jorge continuou sendo cada vez mais renomado por suas obras, agora com um novo hino: ”País Tropical”. E não parou por aí. Na sequência, lançou “Take it Easy my Brother Charles”, junto com O Rappa, e uma forte e tocante homenagem ao seu santo protetor em “Jorge da Capadócia”.

Jorge Menezes, natural do Rio de Janeiro (Madureira), passou a infância ouvindo Luiz Gonzaga, Ataulfo Alves e João Gilberto, cantava no coro da igreja e gostava de participar de blocos de carnaval. Assume que jamais lhe passou pela cabeça que seria, ele próprio, um dos protagonistas da história da música popular brasileira, padroeiro de uma legião de músicos que pedem sua benção para produzir um som que carrega em si muita simpatia, emoção, fortes raízes, um estilo único e muita, mas muita, história. E agradece todos os dias aos seus fãs e colaboradores por fazerem de um sonho aparentemente tão distante, uma realidade tão bonita.

Os ingressos para esta grande noite já estão à venda e podem ser adquiridos online ou através das bilheterias do Espaço Unimed.

Serviço:

Jorge Ben Jor no Espaço Unimed em São Paulo

Data: 10 de setembro de 2022 (sábado)

Abertura da casa: 21h

Início do show: 23h

Classificação Etária: 16 anos

Local: Espaço Unimed (Rua Tagipuru, 795 – Barra Funda – São Paulo – SP)

Acesso para deficientes: sim

Ingressos: Pista: R$200,00 (inteira) e R$100,00 (meia)  | Setores B e C: R$280,00 (inteira) e R$140,00 (meia) | Setores D, E e F: R$260,00 (inteira) e R$130,00 (meia) | Setores G e H: R$240,00 (inteira) e R$120,00 (meia) | Camarote B: R$240,00 inteira e individual).

Compras de ingressos:  Nas bilheterias do Espaço Unimed (de segunda a sábado, das 10h às 19h – sem taxa de conveniência) ou online  pelo site Ticket 360 (Ticket360 > Jorge Ben Jor )

Formas de Pagamento: Cartão de crédito (Aura, American Express, Mastercard, Dinners, Discover, Elo, JCB e Visa) e boleto.Não aceitamos cheques.

Objetos proibidos: Câmera fotográfica profissional ou semi profissional (câmeras grandes com zoom externo ou que trocam de lente), filmadoras de vídeo, gravadores de áudio, canetas laser, qualquer tipo de tripé, pau de selfie, camisas de time, correntes e cinturões, garrafas plásticas, bebidas alcóolicas, substâncias tóxicas, fogos de artifício, inflamáveis em geral, objetos que possam causar ferimentos, armas de fogo, armas brancas, copos de vidro e vidros em geral, frutas inteiras, latas de alumínio, guarda-chuva, jornais, revistas, bandeiras e faixas, capacetes de motos e similares.

Protocolo de segurança

Para garantir um evento seguro a todos e minimizar os riscos de transmissão da Covid-19, a casa segue os protocolos exigidos pelo Governo do Estado de SP e, com isso, será obrigatório apresentar no ato da entrada para acesso ao evento, além de seu ingresso e documento original (RG ou CNH), o comprovante abaixo:

– Carteirinha de vacinação com a 2º dose ou dose única, podendo ser física ou digital (Aplicativos “Conecte SUS”, “Poupatempo Digital” ou “E-Saúde SP”)

– A casa dispõe de álcool em gel 70° em totens distribuídos em diversos pontos da casa

– Utilize máscara de proteção.

Este protocolo poderá sofrer modificações conforme o momento epidemiológico no período do evento.

(Fonte: Talento Comunicação)

Contratenor Lino Ramos descobriu vocação de cantor limpando janelas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro

Rio de Janeiro, por Kleber Patricio

Lino Ramos em “Theodora”, de Haendel, na Sala Cecília Meireles, em 2019. Foto: Vitor Jorge.

Julho de 2010. Um jovem negro de 18 anos, da periferia da baixada fluminense, recebe, através de uma amiga, a proposta de ganhar um dinheiro extra: a de lavar as janelas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro durante a semana de aniversário de 103 anos. Desafio aceito. Marcos Vinícius dos Santos Ramos (Lino Ramos) nunca havia entrado no Municipal e ficou encantado. Conheceu alguns espaços internos e permaneceu de olho na agitação dos bastidores.

“Estávamos realizando a limpeza das janelas do camarim do coro, quando de repente, um magnífico acorde vocal ecoou de forma majestosa, convicta, expressiva. Todos ali pararam por segundos, impressionados com aquela peculiaridade harmônica. Lembro como se fosse hoje de escutar o som, me arrepiar, olhar pra minha amiga e dizer: ‘Nossa’, e quando menos esperávamos, o acorde se repetiu. Me arrepio até hoje, como se fosse ontem. Desci pra ver o que estava acontecendo, passei pela coxia, dando a volta até chegar à entrada da plateia, abri uma fresta na cortina de acesso e avistei uma das mais belas formações musicais que já tinha visto: imenso palco, coro em seus praticáveis, orquestra posicionada e o maestro dando as coordenadas. Olhei apaixonado pela magia que aquele lugar proporcionava e pensei, eu quero viver isso, a música. Esse foi o dia do “Chamado”, ressalta Lino Ramos, emocionado.

“Missa em Si menor” – J. S. Bach ( 2011). Foto: Acervo pessoal.

Na noite seguinte, o jovem foi assistir como espectador, no próprio Theatro, ao Concerto de Gala com Coro, Orquestra e solistas – um pot-pourri de Verdi, gratuito ao público. Enquanto aguardava o início da apresentação, ele conheceu o casal Eleonora e José. Ela era professora de piano e explicou a história do que aconteceria no palco; em especial, o movimento coral “Va Pensiero”, o que deixou Lino ainda mais animado.

Também em julho de 2010, Lino soube que haveria um grande concerto da Cia. Bachiana Brasileira, com gravação de DVD de um repertório inédito para ele, o colonial Brasileiro do Padre José Maurício Nunes Garcia, que aconteceria no Mosteiro de São Bento, no Centro. Ele foi. E mais uma vez, os seus olhos brilharam: “A companhia estava magnífica com seus músicos em belos trajes, iluminação, sincronia nas escadas do altar que serviram de palco e melhor ainda era a harmonia da música colonial brasileira. Foi viciante, a ponto de ativar o gravador de áudio de meu dispositivo e pôr entre as pernas, e assim, eu consegui reproduzir o que escutei, antes de algumas noites de sono”, conta o contratenor.

Depois de toda esta experiência, ele resolveu estudar música e realizar seu sonho. Foi até a Cia. Bachiana Brasileira e, após uma conversa com o maestro fundador, Ricardo Rocha, teve a oportunidade de ingressar no coro da Companhia. Passou a acompanhar aulas de teoria on-line em um canal do YouTube, onde iniciou a formação musical. Desde aquela época, não parou mais.

Lino Ramos em “Elias”, de Mendelssohn – Cia. Bachiana (2017). Foto: Gus Bomfim.

Com muito esforço e grande talento, transformou-se em solista. Destacou-se em diversos trabalhos na Bachiana, como a “Missa em Si menor”, de Bach, “Gloria”, de John Rutter, “Stabat Matter”, de Rossini e, finalmente estreou como solista com a orquestra em duas montagens de Bach: no “Magnificat”, em 2019, e na “Paixão Segundo São João”, em 2021. Recentemente, atuou em mais uma produção, no Prêmio Funarte – V Festival Bach do Rio de Janeiro, no Teatro SESI Firjan.

“É com orgulho que posso falar sobre o início da vida como cantor de Lino Ramos em nossa Cia. Bachiana Brasileira e, dentro dela e até hoje, de sua migração para uma carreira como cantor profissional de grande talento e rara voz. O momento é o de seu ‘turning point’ internacional, precisando de uma bolsa de estudos, particularmente num dos centros europeus onde poderá especializar-se como contratenor, como Basel, na Suíça, e outros. Quem pode e se habilita a ajudá-lo nessa definitiva transição?”, afirma Ricardo Rocha, maestro, fundador e diretor da Sociedade Musical Bachiana Brasileira.

Primeiro concerto como Corista na Cia. Bachiana. Foto: Fly Studio.

Lino ainda participa da Associação de Canto Coral desde 2013. O maestro Jésus Figueiredo, que é também maestro titular do Coro do Theatro Municipal, comenta a chegada de Lino na ACC: “Conheci o Lino em 2013, quando cheguei à Associação de Canto Coral. Logo, o Lino se apresentou por ali e foi cantar no nosso coro sinfônico no naipe dos tenores. Ele permaneceu por alguns meses e depois me procurou dizendo que estava estudando, desenvolvendo a voz para ser contratenor. Naquele momento, eu fiz uma audição rápida com ele pra ver como estava a sua voz e vi que ele tinha boas possibilidades de desenvolver esse lado de contratenor. Assumiu o posto em nosso coro e a partir dali, em 2016, eu o convidei a fazer os solos de contralto do oratório ‘Israel no Egito’, de Handel. Participaram alguns solistas importantes do cenário carioca e o Lino fez as árias neste oratório e se saiu muito bem. Foi então que em 2018, nós criamos a Camerata Vocal, um grupo bem reduzido, até que chamei o Lino, uma vez que a nossa proposta era fazer desde música renascentista, passando pela música barroca, onde é muito necessária a participação do contratenor, até a música contemporânea. Em 2019, a Camerata Vocal entrou na produção da ópera ‘Theodora’, de Haendel, e fez a estreia aqui no Brasil. Lino teve um papel importantíssimo, ele fez o Didymus, um dos protagonistas da ópera, de forma brilhante, se destacando demais na ópera no papel de protagonista”.

O cantor também é solista do Coral Canuto Régis, um coro de 50 anos de atividades ininterruptas dentro da liturgia.

Sobre a família

Nascido em 13 de novembro de 1992, Lino veio ao mundo na porta da maternidade. Criado por um casal de tios da linhagem materna na baixada fluminense, o contratenor descobriu que o seu talento musical veio por parte da família do pai, pois muitos são cristãos e de denominação Batista ou Presbiteriana. Desta forma, os parentes possuem uma vivência musical bem forte, em especial com a música vocal. Inclusive, existe o “Quarteto Ramos” que se apresenta até hoje em Campos dos Goytacazes, norte fluminense.

Sobre a Cia. Bachiana Brasileira

Foto: Daniel A. Rodrigues.

Corpo artístico da Sociedade Musical Bachiana Brasileira – SMBB, fundada em 1986, a Cia. Bachiana Brasileira também nasceu carioca, em 1999, configurando a expressão de uma atitude cujas consequências estéticas constituem a sua meta e o seu principal diferencial. Desde então, desenvolve projetos com repertório, elenco e tempo de realização definidos para cada produção, buscando, de forma disciplinada e perseverante, uma sonoridade própria na execução da música de concerto, nacional e estrangeira. A direção e a regência são do seu fundador e criador da SMBB, maestro Ricardo Rocha. O alto padrão de qualidade com que executa do colonial brasileiro e barroco europeu à música contemporânea, explica a posição ímpar que a Cia. Bachiana ocupa hoje no cenário musical brasileiro, como atesta o Prêmio de Cultura do Estado do RJ na categoria Música Erudita, recebido em 2009, com concertos entre os 10 melhores do ano pelo O Globo (2007, 2008, 2011), entre outras distinções.

Com toda esta história incrível de vida e sucesso, Lino ainda tem um sonho: integrar o Coro do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, local que revelou a sua verdadeira vocação.

(Fonte: Assessoria de Imprensa | Theatro Municipal do Rio de Janeiro)

Instituto Tomie Ohtake apresenta “Evandro Carlos Jardim: Neblina”

São Paulo, por Kleber Patricio

Evandro Carlos Jardim Jaraguá, “sinais, manchas e sombras”, 1979 – Água forte e água tinta sobre papel – 49 x 66 cm. Fotos: Filipe Berndt.

A exposição “Evandro Carlos Jardim: Neblina” está organizada em torno de um conjunto chamado Tamanduateí Contraluz, que reúne 50 obras impressas desde 1980 até hoje. Segundo os curadores Paulo Miyada e Diego Mauro, do Núcleo de Pesquisa e Curadoria do Instituto Tomie Ohtake, todas essas imagens foram construídas a partir de uma só matriz de cobre, sobre a qual o artista uma vez desenhou o Palácio das Indústrias e o pilar de sustentação de um viaduto, tal como vistos desde as margens do Rio Tamanduateí, em São Paulo. “A partir desse traçado primeiro, Jardim operou a gravura como uma espécie de avesso da arqueologia, como uma prática de escavação que, ao invés de revelar um fato do passado, produz infinitos novos traçados”, comenta a dupla de curadores.

Nesta série evidenciam-se duas persistências notáveis na obra de Jardim: a gravura e a representação da cidade de São Paulo. O título da exposição, “Neblina”, destaca as inscrições realizadas por Jardim em alguns de seus trabalhos, especialmente a “neblina”, condição atmosférica dessa cidade que Jardim tem acompanhado detidamente ao longo de quatro décadas por meio de sua produção. “Há essa característica a mais para a imaginação e a memória: se relacionar com essa São Paulo da gravura e, ao mesmo tempo, rememorar um pouco de uma cidade que já foi mais povoada pela neblina e se tornou conhecida pela garoa”, comentam os curadores.

A obra de Jardim subverte o princípio serial de uma técnica de reprodução ao aprofundar-se nas possibilidades criativas dos processos de gravação, impressão e transformação da imagem. O compromisso do artista com a gravura já se estende por mais de seis décadas de produção –  e por sua incansável dedicação ao ensino, que o levou a atuar como professor na Escola Belas Artes, na FAAP e na ECA-USP.

Evandro Carlos Jardim – Sem título, s.d. – Água forte e água tinta sobre papel – 50 x 65,5 cm.

“Assim como para Jardim não existem duas imagens iguais ou equivalentes – e por isso o artista se permite voltar uma e outra vez ao mesmo ponto de partida, à mesma cena, aos mesmos elementos, sutilmente recombinados –, também a condensação parcial da umidade do ar tornou-se mais rara ao longo dessas quatro décadas, a ponto de a neblina e a garoa pertencerem cada vez mais ao âmbito da imaginação. Imaginação essa que Jardim também convoca, fazendo nossa mente povoar a multiplicidade de seus trabalhos”, completam Miyada e Mauro.

“Evandro Carlos Jardim: Neblina” é também uma oportunidade para o público aprofundar o olhar sobre a gravura, em um exercício que poderá se desdobrar no contato com a mostra “O Rinoceronte: 5 Séculos de Gravuras do Museu Albertina”, que será inaugurada em setembro próximo no Instituto Tomie Ohtake.

“Evandro Carlos Jardim: Neblina”

Abertura: 09 de agosto, às 19h30

Visitação 10 a 20 de novembro de 2022

Parceria Institucional: Galeria Leme

De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) – Pinheiros, São Paulo, SP

Metrô mais próximo – Estação Faria Lima/Linha 4 – amarela

Fone: (11) 2245-1900.

(Fonte: Pool de Comunicação)