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Arte, música, gastronomia e palestras: para curtir em novembro na Casa Museu Ema Klabin

São Paulo, por Kleber Patricio

Cândido Portinari, Galos, Séc. XX. 1940. Foto:Massapê Audiovisual/Arquivo Ema Klabin.

Em novembro, a Casa Museu Ema Klabin vem com uma série de atrações para toda a família. Vai ter apresentações musicais, além de palestra sobre fotografia analógica e digital, exposição, visitas mediadas e o Bazar da Cidade, que traz produtos artesanais de diversas regiões do País, opções gastronômicas e atrações culturais. A programação conta com atividades presenciais e outras que podem ser apreciadas de forma online. Todas as atividades têm entrada franca.

Confira a programação:

Fotografias analógicas ou digitais?

No dia 9 de novembro, das 19h às 21h, quem gosta de fotografia pode assistir a palestra online “Deslocamentos da fotografia na arte contemporânea – do analógico ao digital”. O encontro, ministrado pela pesquisadora de História da Fotografia do Departamento de História da Arte da Unifesp, Virginia Gil Araujo, fará uma análise comparativa das fotografias analógicas e digitais, destacando as fotografias analógicas dos Parques Nacionais (EUA) produzidas pelo fotógrafo, professor e ambientalista norte-americano Ansel Adams (1902-1984) e as imagens digitais produzidas pela fotógrafa brasileira Denise Adams. Com 95 vagas gratuitas, a palestra será realizada pela Plataforma Zoom e as inscrições podem ser feitas no site da casa museu: https://emaklabin.org.br/palestras/deslocamentos-da-fotografia-na-arte-contemporânea.

Músicas de filmes e seriados

Big Band Infanto-Juvenil. Foto: Roberta Borges.

No dia 12 de novembro, às 17h, o grupo do CoralUSP, Sul Fiato, apresenta o espetáculo “Trilha Sonora” sob a regência de Paula Christina Monteiro pelo programa Tardes Musicais. O repertório vai da música clássica à música popular brasileira e estrangeira para o universo de músicas produzidas para filmes e seriados. No repertório, clássicos como “What a wonderful world” – Louis Armstrong, do filme “Good Morning Vietnam”, (Arr. Derrick Kempster); “Gabriel’s oboé” – Ennio Morricone, do filme “A Missão” (Arr. Paulo Rowlands); Trilhas de seriados norte-americanos, das séries “Batman” e “Jeannie é um Gênio” (Arr. Damiano Cozzella); “Tonight” – Leonard Bernstein, do filme ‘Amor, sublime amor”; e “O que será” – Chico Buarque de Hollanda, do filme “Gabriela, Cravo e Canela” (Arr. Leilor Miranda). A apresentação será presencial, com 100 lugares preenchidos por ordem de chegada.

Arte

Para quem aprecia artes plásticas, no dia 17 de novembro, das 19h às 20h, a pesquisadora Mirtes Marins de Oliveira ministra a palestra “Revirar o museu: exercícios para reinterpretar a Coleção Ema Klabin”. A programação está dividida em dois momentos e formatos: o primeiro, a palestra online sobre a iniciativa do museu em revirar sua coleção em novas perspectivas narrativas e o segundo, no sábado, 19 de novembro de 2022, das 10h às 12h, uma visita dialogada no espaço da casa museu. São 95 vagas e inscrições no site.

Quarteto de cordas e o quinteto de sopros da Academia de Música da Osesp

Quarteto de cordas e quinteto de sopros da Academia de Música da Osesp. Foto: Laura Manfredini.

No dia 19 de novembro, às 17h, em parceria com a Fundação Osesp, o quarteto de cordas e o quinteto de sopros da Academia de Música da Osesp se apresentam pelo programa Tardes Musicais. No repertório, obras de Mozart, Villa-Lobos, Luiz Gonzaga e Carlos Gomes, entre outros. São 100 lugares presenciais e transmissão ao vivo pelo canal do YouTube da Casa Museu Ema Klabin.

Exposição ReviraVolta

Até dezembro, o público pode visitar a exposição “ReviraVolta”, com curadoria de Paulo de Freitas Costa, que apresenta obras importantes que nunca foram expostas, além de obras da coleção reposicionadas pelos ambientes da casa museu. O público pode realizar uma série de visitas livres ou mediadas que podem ser conferidas no site da casa museu.

Os programas musicais, palestras e a exposição ReviraVolta contam com o patrocínio da Klabin S.A.

Bazar da Cidade

Bazar traz produtos artesanais exclusivos. Foto: divulgação.

No sábado, 26 de novembro, das 10h às 20h e domingo, 27, das 10h às 18h, acontece o Bazar da Cidade no jardim da Casa Museu Ema Klabin, projetado por Roberto Burle Marx. Uma diversidade de produtos artesanais estará à venda, além de opções gastronômicas e atrações culturais. O evento mensal acontece até dezembro e tem entrada franca.

Serviço:

Casa Museu Ema Klabin

Rua Portugal, 43 – Jardim Europa – São Paulo, SP

Entrada franca

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Vídeo institucional: https://www.youtube.com/watch?v=ssdKzor32fQ

Vídeo de realidade virtual: https://www.youtube.com/watch?v=kwXmssppqUU.

(Fonte: Mídia Brazil Comunicação)

Espaço de cultura Casa Gabriel abre suas portas com exposição “Tempo e Transparência”

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Tácito Carvalho e Silva.

A cidade de São Paulo ganha um novo espaço dedicado inteiramente à cultura e à arte. Localizada no número 2906 da Alameda Gabriel Monteiro da Silva, no bairro Jardim América, a Casa Gabriel abriu as suas portas no dia 9 de novembro. Idealizada e dirigida pela fotógrafa e empresária cearense Renata Vale, a Casa Gabriel se propõe a ser um espaço de cultura cujo objetivo é produzir e difundir arte e conhecimento, com ênfase na produção do Nordeste brasileiro e em novos talentos, oferecendo vivências culturais por meio do exercício do debate e dos aprendizados que o diálogo é capaz de fomentar.

“O novo espaço foi pensado, inicialmente, para ser um estúdio fotográfico. A ideia de construir uma casa de cultura se concretizou enquanto as paredes da construção iam se levantando. O sonho veio com a minha vontade de criar um local de acolhimento da cultura e das artes, com um olhar atento para as manifestações artísticas nacionais e internacionais; porém, sobretudo, que enfatizasse a produção artística do Nordeste brasileiro. Tenho muita consciência da riqueza e do vasto repertório cultural que o Nordeste produz”, diz a fundadora do espaço, Renata Vale.

A inauguração no novo espaço é marcada pela abertura da exposição “Tempo e Transparência”. Com curadoria de Marcus Lontra, a mostra coletiva reúne um conjunto de obras de seis importantes artistas contemporâneos cearenses: Azuhli, José Leonilson, Luiz Hermano, Tetë de Alencar, Sérgio Gurgel e Sérvulo Esmeraldo.

A mostra referencia, inicialmente, Sérvulo Esmeraldo, artista seminal nos movimentos da arte construtiva e cinética brasileira cujo trabalho dialoga com as obras de José Leonilson e Luiz Hermano, expoentes da relação entre arte e processos artesanais, característica dos anos 80. Os três – Sérvulo Esmeraldo, Leonilson e Luiz Hermano – têm em comum uma espécie de ‘artesania’ em suas obras – rendas com material rígido, bordados, materiais industriais –, remetendo ao trabalho das rendeiras cearenses de forma elegante e provocativa. Num outro eixo, Tetê de Alencar incorpora valores subjetivos e uma poética intimista, além de ampliar o potencial visual da exposição com instalações, vídeos e objetos não convencionais, enquanto Azuhli e Sérgio Gurgel apresentam um conjunto de obras de grande força expressiva e impacto visual imediato.

Nas palavras do curador, “são obras inquietantes e surpreendentes, que trabalham a ideia da relação do artesanato, de uma construção de obra que dialoga, de certa forma, com tudo o que encontramos ao caminhar na rua. É a arte popular em seu sentido mais amplo – aquela que vemos nas periferias de São Paulo, Rio e Fortaleza, mas com um tratamento muito erudito e sofisticado”, explica Lontra.

“Quando uma pessoa se dedica a entender um lugar, ela consegue ver toda a riqueza daquela história. E no Nordeste, principalmente os artistas nordestinos, existe uma coisa muito curiosa sobre a maior parte deles, que é o fato de conseguirem ter uma linguagem muito sofisticada. As cidades de Fortaleza e Recife, por exemplo, são lugares com uma vida cultural muito intensa. Não devem nada a cidades como Rio e São Paulo. Mas, ao mesmo tempo, eles têm uma ‘pegada’, uma sensibilidade de uma cultura popular que está ali pulsando, que está muito evidente. Então é a mistura perfeita entre o popular e o erudito”, comenta o curador da mostra, Marcus Lontra.

Como ponto de referência, são todos eles artistas cearenses que, ao extrapolar os limites do regionalismo, projetam imagens que se inserem no cenário da arte contemporânea nacional e internacional. Sem menosprezar algumas características locais, com origem na tradição visual nordestina, esse grupo de artistas integra aspectos subjetivos e objetivos, provocando equações poéticas de extrema sensibilidade e inteligência.

Sobre a Casa Gabriel

A Casa surge, então, como um espaço de arte que apresenta obras de artistas de diferentes gerações e linguagens, mas com ênfase na produção artística e cultural do Nordeste brasileiro, e que desenvolvem pesquisas relacionadas com a memória, a construção do gesto, o equilíbrio e a leveza, as sutilezas formais e a potência cromática.

Exposições, cursos, conversas e seminários fazem parte da grade de programação da Casa, um local que, para além de aproximar e acolher a pluralidade de manifestações artísticas, é palco garantido para novos talentos se expressarem e encontrarem seu habitat.

Sobre Renata Vale | Nascida em Fortaleza, Ceará, Renata Vale mudou-se para São Paulo em 2011, onde estabeleceu residência. Seu antigo interesse pelas artes visuais consolidou-se diante da efervescência cultural que a capital paulista proporciona. Assim, em 2016, Renata inscreveu-se e passou a frequentar o curso de fotografia da Escola Panamericana de Arte, em São Paulo, e iniciou suas pesquisas e experimentações nesse campo. Em 2019 participou da expedição fotográfica em Alter do Chão, no Pará, com Eder Chiodetto, e ficou raízes permanentes na fotografia.

Sobre Marcus de Lontra Costa | Marcus de Lontra Costa nasceu no Rio de Janeiro e atualmente reside em São Paulo. Na década de 1970 trabalhou com Oscar Niemeyer em Paris e, regressando ao Brasil foi editor da revista Módulo, editada pelo arquiteto. Foi crítico de arte dos jornais O Globo, Tribuna da Imprensa e Revista Isto É. Dirigiu a Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro, onde realizou a histórica mostra “Como vai você Geração 80”. Foi curador do Museu de Arte Moderna de Brasília e do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Implantou e dirigiu o Museu de Arte Moderna Aloísio Magalhães em Recife. Secretário de Cultura e Turismo do Município de Nova Iguaçu. Curador chefe do Prêmio CNI/SESI Marcantonio Vilaça. Implantou a Estação Cultural de Olímpia/SP. Tem realizado diversas exposições coletivas e individuais em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife, Natal e Fortaleza.

Serviço:

Casa Gabriel

Endereço: Alameda Gabriel Monteiro da Silva, 2906 – Jardim América, São Paulo – SP

Exposição: Tempo e Transparência

Período expositivo: 9 de novembro a 11 de fevereiro de 2023

Horários de visitação: segunda a sexta-feira, das 10 às 19h; sábados, das 11h às 15h

Entrada gratuita.

(Fonte: A4&Holofote Comunicação)

SESC São Paulo apresenta exposição inédita sobre o músico e compositor Gilberto Mendes

Santos, por Kleber Patricio

Gilberto Mendes em foto de Isabel Carvalhaes.

No ano em que Gilberto Mendes completaria seu centenário, o SESC Santos recebe a exposição “Gilberto Mendes – 100”, com curadoria do professor Lorenzo Mammi e consultoria do compositor Lívio Tragtenberg. A mostra contempla a memória do compositor erudito brasileiro mais conhecido e influente da segunda metade do século XX, Gilberto Ambrosio Garcia Mendes (1922-2016). De 4 de novembro de 2022 a 30 de abril de 2023, o público poderá visitar e conhecer a história desse ilustre santista.

Dividida em “ilhas”, a exposição busca mostrar as execuções musicais em sua integridade, sempre que possível, evidenciando a relação das peças com as respectivas notações ou instruções, muitas delas de grande beleza gráfica, e relacionando-as ao contexto em que as obras foram produzidas pelo compositor.

A pluralidade de Gilberto Mendes

Músico, compositor, pioneiro da Música Concreta, professor…  Na exposição, a primeira “ilha” mostra “Santos Football Music” (1969), uma de suas composições experimentais mais complexas e ambiciosas, feita para grande orquestra com fitas magnéticas e participação do público. É construída a partir da estrutura de uma partida de futebol. As partes instrumentais são bastante complexas e demandam uma notação específica. Foi apresentada pela primeira vez em 1973 pelo maestro Eleazar de Carvalho, no 17º Festival de Música Contemporânea, em Varsóvia, na Polônia. Através da apresentação de uma gravação com locução esportiva, a peça consegue transportar o espectador para o estádio, com todas as vozes dos torcedores. Com “Santos Football Music”, música em homenagem ao Santos e ao futebol de Pelé, Gilberto Mendes arrebatou plateias do Brasil e do Mundo.

“Desenho 297”, 2001, uma odisseia na praia, grafite, lápis de cor e giz pastel sobre papel, 1990, Eliane Mendes – Reprodução de Isabel Carvalhaes – Acervo Eliane Ghigonetto Mendes.

O segundo núcleo aborda sua relação com a cidade de Santos. Gilberto Mendes passou praticamente a vida inteira na cidade e fez várias referências a ela e seu entorno em suas composições. Estas citações podem ser ouvidas em “Saudades do Parque Balneário Hotel para saxofone e piano” (1980), composta para lembrar o grande complexo albergueiro construído em 1914 e demolido em 1973, que por várias décadas foi um marco arquitetônico e um ponto de referência da vida musical da cidade, e em “Vila Socó meu amor”, para coro feminino a três vozes, escrito sob o impacto da tragédia da favela de Vila Socó, em Cubatão, em 26 de fevereiro de 1984, quando mais de trezentas pessoas morreram pela explosão de um gasoduto.

Nunca alheio ao seu redor, Gilberto compôs músicas que registraram os momentos político-sociais do Brasil. Na década de 1960, em plena ditadura civil-militar no país, compôs “Moteto em Ré Menor ou Beba Coca-Cola para piano e orquestra”, considerada a mais popular música erudita brasileira. Inspirado pelo poema concreto de Décio Pignatari (1927-2012), o compositor criou uma espécie de antijingle numa crítica ao consumo da sociedade moderna.

A terceira “ilha” enfoca as composições experimentais da década de 1960, o uso de grafismos musicais e o diálogo com a poesia concreta. Na esteira do movimento internacional conhecido como Nova Música, Gilberto foi um dos pioneiros na América Latina. Em 1963, foi signatário do Manifesto Música Nova e, logo em seguida, fundou o Festival Música Nova em Santos. Gilberto Mendes teve uma intensa atividade como divulgador e incentivador da música contemporânea no Brasil, organizando cursos, encontros e concertos – que muitas vezes despertavam reações vivas do público e da crítica. O Festival, ativo até hoje, já em sua 56ª edição, é um dos mais duradouros e importantes eventos internacionais de música contemporânea da América Latina. São dessa época, também, composições marcantes como “Nascemorre”, “Blirium C9”, “Moteto em Ré menor” e “Santos Football Music”.

No quarto núcleo, encontramos sua relação com o teatro, antes como compositor de música de cena, depois como criador daquilo que ele próprio gostava de definir como Música-Teatro, em que uma ação teatral é planejada como se fosse uma peça musical. As décadas de 1950 e 1960 foram de intensa atividade teatral em Santos, principalmente graças aos movimentos do Teatro Amador e do Teatro dos Estudantes, que contaram com o apoio de intelectuais como Patrícia Galvão (Pagu), Paschoal Carlos Magno e Miroel Silveira e revelaram talentos como Plínio Marcos e Sérgio Mamberti.

“Desenho 298 – Too Romantic”, óleo sobre tela, 1994, Eliane Mendes – Reprodução de Isabel Carvalhaes – Acervo Eliane Ghigonetto Mendes.

Gilberto Mendes compôs várias músicas para teatro nesse período – especialmente para as encenações de Plínio Marcos –, muitas delas para fita magnética, mais um recurso de que Gilberto foi pioneiro no Brasil. Nessa linha, uma de suas principais composições é “Último tango em Vila Parisi”, em que um acorde e uma única frase repetida pela orquestra servem de suporte a uma ação envolvendo o regente e dois músicos. Além de ser um exemplo especialmente complexo de Música-Teatro, “Último tango” lembra, desde o título, o grande interesse de Gilberto pela montagem cinematográfica, enquanto a referência à Vila Parisi (favela de Cubatão) nos lembra do engajamento do compositor com os problemas sociais de sua cidade.

A quinta “ilha” trata de sua relação com a música de cinema a partir de uma das composições mais importantes da sua última fase: “Ulysses em Copacabana surfando com James Joyce e Dorothy Lamour” (1988). Encomendada pelo Festival de Patras, na Grécia, a peça começa com a citação de um hino a Apolo, que remonta à Grécia antiga, executado pelo clarinete, de maneira a lembrar o estilo do primeiro Stravinsky, e procede por associações de ideias até desembocar num foxtrot nos moldes das orquestras de salão e dos conjuntos dos cafés ao ar livre, típicos das cidades mediterrâneas. Tudo é construído a partir da colagem de frases repetidas, mas constantemente ampliadas ou modificadas, segundo o uso bastante peculiar que o compositor fazia dos procedimentos minimalistas. Gilberto reconhecia que sua maneira de compor devia algo à técnica da montagem cinematográfica, tanto que deu o título de “Música, cinema do som” a uma antologia dos seus artigos e ensaios. Assim concebida, a peça é uma espécie de sobrevoo por seu imaginário e um resumo (desde o título) de suas paixões: a literatura, o cinema, a música de salão, o mar. E o Ulysses do título remete provavelmente não apenas à Grécia e a Joyce, mas também a seu próprio nomadismo musical e cultural: Ulysses é Gilberto.

Sobre o músico e compositor 

Gilberto Mendes nasceu em 13 de outubro de 1922, compositor natural de Santos, onde sempre viveu e faleceu em 1º de janeiro de 2016. Foi aluno de Savino de Benedictis, Antonieta Rudge, Cláudio Santoro e Olivier Toni. Frequentou os Cursos de Darmstadt, entre 1962 e 1968. Fundador do Festival Música Nova (1962), o mais antigo do gênero em toda a América Latina e desde então seu diretor artístico, foi também signatário do Manifesto Música Nova (1963), publicado pela revista Invenção.

Doutor em música pela ECA-USP, onde foi professor até se aposentar. Atuou ainda como professor visitante da Universidade de Wisconsin-Milwaukee (1978- 1979) e da Universidade do Texas em Austin (1983), ambas nos EUA. Sua obra musical contempla três fases. A primeira delas dedicada ao neofolclorismo e à canção brasileira (anos 1950). Já a sua segunda fase se caracteriza pelo experimento radical de novas possibilidades sonoras dos materiais musicais. A partir de fortes relações com a poesia concreta paulista do grupo Noigandres, tornou-se um dos pioneiros no Brasil da música concreta aleatória, serial integral, mixed media, experimentando ainda novos grafismos e a incorporação da ação musical à composição, com a invenção do teatro musical e do happening (anos 1960 e 1970).

Por fim, sua terceira fase se caracteriza pela maturidade de uma síntese, não só revisitando suas duas fases anteriores, como adotando novas linguagens abertas pós-vanguarda (desde os anos 1980). Recebeu a Ordem do Mérito Cultural, na classe de comendador, do Ministério da Cultura, das mãos do ex-presidente Lula. Verbetes com seu nome constam nas principais enciclopédias e dicionários mundiais, como Grove (Inglaterra), Riemann (Alemanha), Dictionary of Contemporary Music de John Vinton (EUA) e inúmeros outros. Suas obras já foram apresentadas nos cinco continentes, principalmente na Europa e EUA. Seus dois livros, “Uma Odisseia Musical” (1994) e “Viver Sua Música – Com Stravinsky em Meus Ouvidos, Rumo à Avenida Nevskiy” (2009), foram publicados pela Edusp. Foi membro da Academia Brasileira de Música e do Colégio de Compositores Latino-americanos de Música de Arte, com sede no México.

Com direção e produção musical do compositor e regente americano Jack Fortner, o Selo SESC tem dois álbuns dedicados à obra de Gilberto Mendes. O CD “A Música de Gilberto Mendes” (2010), com obras inéditas instrumentais do compositor e algumas obras antigas. Além do CD duplo “Festival Música Nova” (2016), cujo repertório traz a história do Festival criado em 1962 e idealizado por Gilberto.

Sobre a Curadoria | Lorenzo Mammi possui graduação em Matérie Letterarie pela Università degli Studi di Firenze (1984), doutorado e livre docência em Filosofia pela Universidade de São Paulo (1998, 2009). É professor da Universidade de São Paulo desde 1989. Tem experiência na área de Artes, com ênfase em Música e Artes Plásticas, atuando principalmente nos seguintes temas: música, arte contemporânea, filosofia patrística. Foi Diretor e Administrador do Centro Universitário Maria Antônia, foi também diretor artístico e consultor do Instituto Moreira Salles.

Sobre a pesquisa e desenvolvimento de conteúdo | Livio Tragtenberg é compositor, escritor e orientador de projetos de educação ligados à criatividade e inclusão cultural no Brasil, Alemanha e Estados Unidos. Criou as Orquestras de Músicos das Ruas de São Paulo, Miami, Berlim e Rio de Janeiro. Tem vários projetos como o Sound Bridges Experience, realizado com músicos refugiados em Frankfurt, Alemanha.

Serviço: 

Exposição Gilberto Mendes – 100

Período expositivo: de 4 de novembro de 2022 a 30 de abril de 2023

Horário de visitação: terça a sexta, das 10h às 21h30, e aos sábados, domingos e feriados das 10h às 18h30

Acessibilidade: mapa e piso táteis; vídeos com audiodescrição e tradução em libras; acessibilidade física; cães-guia e cães de serviço acompanhantes de pessoas com deficiência são bem-vindos aos espaços do SESC.

Classificação: Livre | Entrada: gratuita

Visitas agendadas para grupos: agendamento.santos@sescsp.org.br.

SESC Santos 

Rua Conselheiro Ribas, 136, Aparecida, Santos – SP

Telefone: (13) 3278-9800

Facebook, YouTube, Twitter e Instagram: @sescsantos

sescsp.org.br/santos.

(Fonte: Assessoria de Imprensa SESC Santos)

No ano em que completaria 80 anos, biografia de Jimi Hendrix traz relatos inéditos sobre sua vida e obra

São Paulo, por Kleber Patricio

Capa do livro. Fotos: divulgação.

Jimi Hendrix tornou-se um mito além de seu tempo. Dono da guitarra flamejante mais famosa do planeta, foi catapultado ao sucesso de forma tão rápida quanto sucumbiu ao vício em drogas – que levou à sua morte prematura aos 27 anos. Apesar de seu estrondoso sucesso, sua verdadeira biografia é pouco conhecida. “Jimi Hendrix: Uma Sala cheia de Espelhos” (Editora Seoman), do jornalista Charles R. Cross (mesmo autor da biografia de Kurt Cobain), preenche esta lacuna.

A obra, que chega ao Brasil em novembro, mês em que Hendrix completaria 80 anos, traz respostas e curiosidades sobre uma carreira recheada de polêmicas. Charles R. Cross pinta um profundo e fascinante retrato desse gênio da música que conseguiu sair da pobreza para o sucesso, colocar fogo no mundo do rock e inadvertidamente pôr fim em seu próprio talento. Sua biografia mostra de forma crua a imagem quase sobrenatural de um homem que estava destinado a ser um astro.

Uma referência à música “Room Full of Mirrors”, composta em 1968, o título do livro já é uma provocação ao que será desvendado pelo autor e mostra a múltipla personalidade do artista. A canção, que nunca foi lançada oficialmente durante a vida de Hendrix, conta a história de um homem aprisionado em um mundo de reflexos de si mesmo, tão poderoso que o persegue até nos sonhos. Ele se solta ao estilhaçar os espelhos e, ferido pelos cacos de vidro, busca um “anjo” que possa libertá-lo.

Em visita ao pai de Jimi Hendrix, Al, nos anos 2000, o biógrafo de Hendrix viu uma peça de arte, criada pelo músico em 1969, que consistia em uma moldura com cinquenta pedaços de um espelho estilhaçado, engastados em argila, na exata posição que teriam ocupado quando o espelho foi partido. Al Hendrix apontou que “essa era a Sala Cheia de Espelhos de Jimi”“Tendo em mãos a manifestação física desse conceito, é impossível não pensar na profunda complexidade do homem que criou essa música”, conta Ross na apresentação da biografia.

Fruto de uma pesquisa profunda que envolveu, inclusive, a redescoberta do túmulo da mãe de Jimi Hendrix, Lucille Hendrix Mitchell, pelo autor, quando ao lado de um coveiro vasculhou as alas de lápides em ruínas em Greenwood Memorial Park (EUA), “Jimi Hendrix: Uma Sala cheia de Espelhos” inclui informações de um ponto de vista até então inédito: a verdade sobre sua saída do serviço militar, um relato alucinante de Woodstock e os detalhes de seus muitos, muitos amores.

Essas e outras curiosidades sobre a vida privada de Hendrix, numa grande reportagem investigativa formatada em livro, que homenageia esse grande ícone da música do século XX.

Sobre o autor | Charles R. Cross é autor do best-seller do New York Times, “Mais Pesado Que o Céu: Uma Biografia de Kurt Cobain”, e das biografias “Led Zeppelin: Heaven and Hell”; “Backstreets: Springsteen, the Man and his Music” e “Here We Are Now: The Lasting Impact of Kurt Cobain”. Foi editor da The Rocket, revista sobre música e entretenimento do Noroeste dos Estados Unidos, de 1986 a 2000, a primeira publicação da história a dar uma capa para o Nirvana. Mora próximo a Seattle e é colaborador de diversos jornais e revistas.

Sobre o Grupo Editorial Pensamento: Mais que livros, inspiração. Desde 1907, o Grupo Editorial Pensamento publica livros para um mundo em constante transformação e aposta em obras reflexivas e pioneiras. Na busca desse objetivo, construímos uma das maiores e mais tradicionais empresas editoriais do Brasil. Hoje, o Grupo é formado por quatro selos: Pensamento, Cultrix, Seoman e Jangada e possui em catálogo aproximadamente 2 mil títulos, publicando cerca de 80 lançamentos ao ano. Ao longo de sua trajetória, o Grupo Editorial Pensamento aposta em mensagens que procuram expandir o corpo, a mente e o espírito. Mensagens que emanam energia positiva e bem-estar. Mensagens que equilibram o ser. Mensagens que transformam o mundo.

Serviço:

Livro “Jimi Hendrix: Uma Sala cheia de Espelhos”

Autora: Charles R. Cross (@charlesrcross)

Editora: Cultrix

Páginas: 464

Preço: R$72,90

Adquira o livro em: https://www.grupopensamento.com.br/produto/jimi-hendrix-uma-sala-cheia-de-espelhos-8989.

(Fonte: Aspas & Vírgulas)

Sucesso de novo ensino médio depende de apoio ao estudante e preparo de gestores e professores

Brasil, por Kleber Patricio

Foto: Redd/Unsplash.

Aprovada em 2016, as novas diretrizes para o Ensino Médio no Brasil entraram em vigor efetivamente em 2022. O sucesso da reforma, no entanto, depende de alguns fatores, como um sistema de apoio ao estudante e preparo de professores e gestores de educação para implementar um novo modelo na etapa. É o que aponta relatório elaborado pelo Dados para um Debate Democrático na Educação (D³e) em parceria com o Instituto Natura e o Instituto Unibanco, lançado na segunda (7).

A matriz curricular é apenas uma das características do chamado Novo Ensino Médio, que deve considerar o contexto de cada região do país onde será implementado, além das necessidades particulares para inclusão e equidade dos alunos. A formação continuada e o apoio aos educadores também são considerados elementos fundamentais para que o sistema funcione.

Por meio de entrevistas com professores e gestores de educação, revisão bibliográfica e análise documental da legislação, o relatório apresenta um estudo das reformas do ensino médio no Chile, em Portugal e em Ontário, no Canadá, para conhecer os desafios e soluções experimentadas que podem servir de inspiração para a execução da reforma brasileira.

Os critérios que fizeram os pesquisadores escolherem os três países analisados foram de modelo de ensino médio flexível, similaridades culturais e diversidade. A ideia, segundo eles, não é replicar o que foi feito fora do Brasil, mas sim, observar o que deu certo lá fora, o que não funcionou e o que pode ser adaptado para a realidade do nosso país. “Estudamos os outros [países] para entender as limitações e possibilidades do nosso próprio modelo, mas não tem solução pronta”, explica Felipe Michel Braga, coautor do estudo. “Vemos reflexões e dilemas que eles estão vivendo com a implementação como fontes de aprendizado”, completa.

O modelo que o Brasil decidiu adotar é o de flexibilidade; por isso, aplicar apenas mudanças na matriz curricular não é suficiente. “O estudante está no centro do processo educativo, esse é um deslocamento importante de foco para conseguir resultados que a gente almeja”, comenta Ana Amélia Laborne, autora do relatório e pesquisadora da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG).

O que chamou muito a atenção da equipe durante a análise é que a reforma não é pontual; ou seja, não basta aprovar uma nova diretriz e simplesmente aplicá-la. “Todos os professores foram formados para trabalhar no velho Ensino Médio, as escolas foram construídas para atender essa expectativa, então leva tempo para a reforma chegar até a sala de aula”, afirma Braga.

A motivação para a realização do estudo, segundo Antônio Bara Bresolin, diretor executivo do D³E, foi a de contribuir com o debate público e qualificar o uso do conhecimento científico na implementação da reforma do ensino médio no Brasil. “Só com evidências temos a chance de promover uma educação equitativa e de qualidade”, defende.

“Temos muitos aprendizados e práticas bem-sucedidas do Ensino Médio Integral que fortalecem a necessidade de ressignificar essa etapa para os jovens”, afirma Maria Slemenson, líder de políticas públicas do Instituto Natura. “Para avançarmos com a política do Ensino Médio como um todo, é preciso cuidar da qualidade da implementação  e conduzi-la observando evidências como as trazidas por este estudo”, complementa ela.

Os pesquisadores reforçam que a implementação requer financiamento para capacitar professores e gestores, além de permitir o aumento de carga horária nas escolas e oferta de disciplinas eletivas. No momento de transição de governos, o grupo espera apresentar o trabalho para auxiliar a gestão futura na implementação da reforma de forma eficaz.

“Estamos finalizando o primeiro ano de implementação da lei de reforma do ensino médio, que é um desafio, tanto para os estados que estão mais avançados, quanto àqueles que iniciaram o processo mais tarde”, explica Ricardo Henriques, superintendente-executivo do Instituto Unibanco. Para ele, é preciso investir em um planejamento robusto, sem perder de vista o protagonismo do estudante e a importância da equidade. “A reforma não é meramente curricular, ela envolve logística, infraestrutura, recursos humanos e os sonhos de milhões de jovens brasileiros. Quanto mais inclusivo for o caminho adotado pelas redes, mais profissionais estarão preparados e contribuirão para o sucesso e viabilização da reforma”, afirma.

(Fonte: Agência Bori)