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MASP apresenta exposição de Mário de Andrade a partir de perspectiva queer

São Paulo, por Kleber Patricio

Tarsila do Amaral, Retrato de Mário de Andrade, 1922.

O MASP – Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand apresenta, de 22 de março a 9 de junho de 2024, a mostra “Mário de Andrade: duas vidas”, que ocupa o mezanino localizado no 1º subsolo do museu. Com curadoria de Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora, MASP, e assistência de Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP, a exposição reúne um conjunto de pinturas, desenhos, gravuras, esculturas e fotografias da coleção pessoal do intelectual brasileiro, ativo na primeira metade do século 20, a partir da perspectiva de uma sensibilidade queer. A mostra tem patrocínio da Lefosse e apoio cultural do Instituto de Estudos Brasileiros da Universidade de São Paulo (IEB-USP).

Mário de Andrade (São Paulo, 1893–1945) é um ícone da literatura e do modernismo no Brasil, além de ser um dos escritores mais estudados do país. Em sua faceta pública, foi contista, músico, poeta, professor, romancista, crítico e historiador das artes plásticas, da música e da literatura, além de agente cultural, colecionista e jornalista. Autor de “Pauliceia desvairada” (1922) e “Macunaíma” (1928), participou da Semana de Arte Moderna (1922) e dedicou-se a registrar, estudar, preservar e divulgar as mais diversas manifestações culturais do país, tanto eruditas quanto populares. Esteve à frente do Departamento de Cultura e Recreação da Municipalidade de São Paulo (1935-1938) e criou o Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN) (1937), o primeiro órgão do gênero.

“Passados quase 80 anos da sua morte, a produção intelectual de Mário de Andrade sobre música, artes visuais e arquitetura, seus romances, contos e poemas, além dos levantamentos etnográficos realizados pelo artista, foram e continuam sendo centrais para a compreensão do modernismo no Brasil e para a construção de uma ideia de brasilidade”, elucida a curadora coordenadora, Regina Teixeira de Barros.

Flávio de Carvalho (Barra Mansa, Rio de Janeiro, Brasil, 1899—1973, Valinhos, São Paulo, Brasil) Homem [Man], 1933 Aquarela e tinta de caneta sobre papel [Watercolor and pen ink on paper], 37,5 × 29,7 cm IEB-USP.

Através da perspectiva de uma sensibilidade queer, a exposição “Mário de Andrade: duas vidas” apresenta um recorte de 88 obras – entre pinturas, desenhos, esculturas e fotografias – do acervo do intelectual, hoje sob a guarda do Instituto de Estudos Brasileiros (IEB-USP). A mostra reflete sobre itens da sua coleção de artes plásticas e fotografias com os quais conviveu em sua intimidade, longe dos olhos da censura e dos preconceitos vigentes na época. A “tão falada homossexualidade” de Mário de Andrade, como descrita pelo artista em uma carta enviada a Manuel Bandeira em 1928, tornou-se objeto de estudo somente em 2015, quando todos os seus escritos caíram em domínio público e sua produção literária começou a ser analisada à luz de suas preferências homoafetivas, um assunto considerado tabu até então.

A ideia de “duas vidas”, subtítulo desta exposição, aparece em diversos escritos do autor e exalta a dualidade vivida por Andrade entre a vida profissional e pessoal. “Mário se qualifica ora como um ‘vulcão controlado’, ora tomado por uma ‘feminilidade passiva’; oscila entre ser um pansexual casto (!) e um monstro libidinoso”, ressalta Teixeira de Barros. Em carta para Oneyda Alvarenga, o intelectual afirma: “Eu sou um ser como que dotado de duas vidas simultâneas, como os seres dotados de dois estômagos. O que mais me estranha é que não há consecutividade nessas duas vidas”.  

O artista registrou em fotografias suas viagens ao Norte e Nordeste do Brasil entre 1927 e 1929. Na série ‘Tarrafeando’ (1927), feita no igarapé de Barcarena, nos arredores de Manaus, os homens estão focados no trabalho enquanto Andrade capta imagens de seus corpos de costas. Em outro conjunto de retratos, adota uma estratégia diversa, fixando o olhar franco e direto de trabalhadores, como se observa em ‘Vaqueiro marajoara Tuiuiú’ (1927). Visto que a câmera era o único objeto que impedia Mário e o retratado de se olharem mutuamente, a curadora reflete que “o fotógrafo permanece protegido pelo objeto diante de si, impossibilitado de retribuir o olhar, defendido de si mesmo e do próprio desejo”.

Mário de Andrade (São Paulo, Brasil, 1893—1945) Aposta de ridículo em Tefé [Bet of Ridiculous in Tefé], 12.6.1927 [June 12, 1927] Impressão digital sobre papel [Digital print on paper], 6,1 × 3,7 cm IEB-USP.

A mitologia pessoal de Mário também foi registrada em autorretratos ao longo de sua vida. As imagens de um intelectual que dominava todos os códigos da vida pública heteronormativa contrastam com as fotografias mais espontâneas, como em ‘Aposta do Ridículo’ (1927), captada em um momento descontraído durante a sua viagem ao Amazonas. Essa fotografia revela um homem que podia assumir diversos papéis, já que sabia se divertir e, de fato, performar uma masculinidade queer.

A assistente curatorial Daniela Rodrigues constata que, através de seus escritos e das muitas correspondências, é possível observar o erotismo como um tema que perpassa a vida e o imaginário do autor sobre o Brasil, que se utilizava de inúmeras estratégias literárias para dizer sem explicitar. “Não se trata de ler sua produção como autobiográfica, como se tudo remetesse a ele mesmo, mas em alguns textos veem-se vestígios da sua inquietação sobre a sexualidade enquanto tema e vida”, completa.

Em relação à sua coleção de arte, a pintura ‘O homem amarelo’ (1915-16), de Anita Malfatti, – vista por Mário na famosa exposição de 1917 – inaugurou seu interesse pelas artes visuais. Na ocasião, o poeta profetizou: um dia o quadro seria dele. De fato, comprou a obra na Semana de Arte Moderna, realizada no Theatro Municipal de São Paulo, em 1922. No primeiro artigo que escreveu sobre Anita, em outubro de 1921, descreveu ‘O homem amarelo’ como uma figura fatídica, “feminilizada por uns olhos longínquos, cheios de nostalgia”.

Em ‘Retrato de Mário de Andrade’ (1927), Lasar Segall registrou o poeta de frente, captando sua expressão serena em meio aos atributos modernos — como a gravata estampada com losangos e o fundo abstrato-geométrico. Apesar de reconhecê-la inicialmente como “uma das obras mais admiráveis de seu talento de pintor”, em carta ao artista, alguns anos mais tarde o romancista mudou de ideia, pontuando que Segall captou o que havia de perverso nele. “Ambíguo e conflituoso, compreendendo e registrando como poucos o que constituía um país tão contraditório, Mário pouco conhecia a si mesmo”, reitera Daniela.

“Mário de Andrade: duas vidas” integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias da diversidade LGBTQIA+. Este ano a programação também inclui mostras de Gran Fury, Francis Bacon, MASP Renner, Lia D Castro, Catherine Opie, Leonilson, Serigrafistas Queer e a grande coletiva Histórias da diversidade LGBTQIA+.

Acessibilidade | Em 2024, todas as exposições temporárias do MASP possuem recursos de acessibilidade, com entrada gratuita para pessoas com deficiência e seu acompanhante. São oferecidas visitas em libras ou descritivas; textos e legendas em fonte ampliada e produções audiovisuais em linguagem fácil, com narração, legendagem e interpretação em Libras que descrevem e comentam os espaços e as obras. Os conteúdos podem ser utilizados por pessoas com deficiência, públicos escolares, professores, pessoas não alfabetizadas e interessados. Os conteúdos ficam disponíveis no site e canal do Youtube do museu.

Catálogo | Acompanhando a exposição, será publicado um catálogo bilíngue, em inglês e português, com a reprodução de obras da coleção do escritor. A publicação, organizada por Regina Teixeira de Barros, com assistência de Daniela Rodrigues, inclui textos de Carolina Casarin, Daniela Rodrigues, Ivo Mesquita, Jorge Vergara, Nathaniel Wolfson e Regina Teixeira de Barros. Com design de Bruna Sade, a publicação tem edição em capa dura.

MASP Loja | Em diálogo com a exposição, o MASP Loja apresenta produtos especiais, desenvolvidos a partir da coleção do artista, que incluem uma bolsa, postais e ímãs, além do catálogo oficial da mostra.

Serviço:

Mário de Andrade: duas vidas

Curadoria: Regina Teixeira de Barros, curadora coordenadora, MASP, com assistência de Daniela Rodrigues, assistente curatorial, MASP

1º subsolo (mezanino)

22/3—9/6/2024

MASP — Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand

Avenida Paulista, 1578 – Bela Vista – São Paulo, SP

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terças grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta, quinta, sexta, sábado e domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas

Agendamento on-line obrigatório pelo link masp.org.br/ingressos

Ingressos: R$70 (entrada); R$35 (meia-entrada)

Site oficial | Facebook | Instagram.

(Fonte: Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand)

Programação do Mundo Circo SP celebra mulheres circenses e traz oficinas de jogos teatrais e espetáculos destinados a toda a família

São Paulo, por Kleber Patricio

Foto: Divulgação/Mundo Circo SP.

Em março, o Mundo Circo SP celebra o mês da mulher e apresenta uma série de eventos que prometem encantar o público de todas as idades. O destaque fica por conta do “Cabaré Miss Jujuba”, nos dias 9 e 10 de março, às 17h, que faz homenagem à palhaça Miss Jujuba, celebrando a diversidade e a inspiração de Julieta Hernández, imigrante venezuelana assassinada no último mês de dezembro no estado do Amazonas durante uma viagem de bicicleta até seu país de origem, para visitar sua mãe. O espetáculo, repleto de números de circo, palhaçaria, poesia e música, promete momentos de graça e reflexão.

No dia 16 de março, às 14h, acontece a Oficina de Jogos Teatrais, uma proposta envolvente que utiliza dispositivos para a elaboração da presença teatral, especialmente nas proximidades do Carandiru, em São Paulo. A atividade abordará jogos teatrais como ferramentas cênicas para a construção da percepção refinada do jogo de cena, focando na aplicação desses jogos para promover o desenvolvimento da escuta ativa, a percepção do grupo no trabalho de coros e a dinâmica da oratória direcionada para a cena.

Foto: Divulgação/Mundo Circo SP.

O Cabaré Picadeiro Delas, no dia 16 de março, às 17h, é outro destaque: um emocionante espetáculo de variedades que celebra a força, fúria e graça das mulheres circenses. Sob a lona do picadeiro, essas artistas apresentam suas criações únicas, proporcionando momentos inesquecíveis.

Além disso, o espetáculo “Morrer com, Viver com”, dia 17 de março, às 16h30, traz artistas que transformam materiais descartados em uma performance envolvente, utilizando técnicas circenses para dar vida a pedaços de árvores, desafiando a percepção convencional e convidando o público a uma apreciação mais profunda da interseção entre arte e natureza.

Com sessão dupla no dia 19 de março, às 11h e às 17h, o espetáculo do Circo Spadoni traz o circo que todo mundo ama em diversos números tradicionais, para quem ama a arte circense. Confira a programação:

Cabaré Miss Jujuba

Foto: Tariana Zacariotti.

Espetáculo de variedades, estrelado por artistas de corpos dissidentes, que celebra a memória e vida de Julieta Hernández, a saudosa palhaça Miss Jujuba, cuja partida foi prematura.

Com curadoria do grupo Circo di SóLadies | Nem SóLadies, este cabaré apresenta uma diversidade de números, incluindo circo, palhaçaria, poesia e música, proporcionando momentos de graça, diversão e reflexão para toda a família.

Julieta Hernández, imigrante venezuelana, foi uma artista multifacetada, atuando como palhaça, cicloviajante, bonequeira, poeta, música e veterinária, deixando um legado inspirador.

Serviço:

Cabaré Miss Jujuba

Data: 9 e 10 de março – sábado e domingo, às 17h

Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 55 min.

Oficina de Jogos Teatrais | Atividade que aborda jogos teatrais como ferramentas cênicas para a construção da percepção refinada do jogo de cena, focando na aplicação desses jogos para promover o desenvolvimento da escuta ativa, a percepção do grupo no trabalho de coros e a dinâmica da oratória direcionada para a cena.

Serviço:

Oficina de Jogos Teatrais

Data: 16 de março, sábado, às 14h

Classificação etária: Livre

Entrada gratuita.

Cabaré Picadeiro Delas

O Cabaré Picadeiro Delas emerge do encontro e da colaboração entre mulheres circenses e suas diversas criações. Representa a expressão vibrante da força, fúria e graça dessas artistas, que se reúnem sob a lona do picadeiro para celebrar as diferentes facetas da feminilidade. O público é convidado a vivenciar essa jornada poética, política e afetiva das artistas circenses, explorando suas técnicas e performances cativantes.

Serviço:

Cabaré Picadeiro Delas

Data: 16 de março, sábado, às 17h

Classificação etária: Livre

Entrada gratuita.

Viver com, Morrer com

Neste evento de 45 minutos, artistas reinterpretam materiais naturais, outrora desperdiçados, após explorarem o serviço de poda de árvores de São Paulo, transformando pedaços de árvores em protagonistas, a partir da utilização de técnicas circenses para criar conexões. Aberta a todas as idades, esta experiência desafia a percepção convencional e convida a uma apreciação mais profunda da interseção entre arte e natureza.

Serviço:

Viver com, Morrer com

Data: 17 de março, domingo, 16h30

Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Circo Spadoni

O espetáculo do Circo Spadoni é realizado com números de circo tradicional. O locutor dá as boas-vindas ao público e, assim, começa o show, com duração de 60 minutos.

Serviço:

Circo Spadoni

Data: 19 de março, terça-feira, às 11h e às 17 h

Classificação etária: Livre

Entrada gratuita

Duração: 60 minutos

Local: Av. Cruzeiro do Sul, 2630 – Carandiru, São Paulo (SP)

Sobre O Mundo do Circo SP | O Mundo do Circo SP é uma iniciativa da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas com gestão e curadoria da Organização Social Amigos da Arte. O programa foi criado a partir do desejo de valorizar a experiência lúdica e afetiva do universo circense.

Dividido em três grandes lonas – Grande Lona, Lona Multiuso e Lona Exposição -, o programa ocupa um espaço de mais de 10 mil m² do Parque da Juventude, na capital paulista. O Mundo do Circo SP tem uma programação variada com artistas nacionais e internacionais que contemplam todo o universo circense, promovendo espetáculos para todos os públicos, além de performances e números de rua, exposições, oficinas, seminários e workshops.

Instagram | Site

(Fonte: Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo/Assessoria de Imprensa)

Jornalismo em Quadrinhos é tema de um curso no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc

São Paulo, por Kleber Patricio

Curso é com jornalista e autora de JHQ Gabriela Güllich, que apresenta as principais etapas de produção e publicação do gênero. Foto: divulgação/Sesc)

O Jornalismo em Quadrinhos é um formato já estabelecido, com diversas reportagens em veículos de informações, além de publicações específicas. HQ-reportagem como “Palestina”, de Joe Sacco, ou biográfica como “Maus”, de Art Spiegelman, são representantes desse formato com os diversos recursos jornalismos aplicados. Grandes premiações como o Eisner (EUA) ou o Prêmio Vladimir Herzog (Brasil) incluem títulos de JHQ entre seus finalistas, consagrando cada vez mais a linguagem tanto dentro dos espaços de HQ, quanto dos espaços de jornalismo tradicional.

No curso “Pensando o jornalismo visual: quadrinhos e expressões” os aspectos, os recursos dos quadrinhos e jornalísticos serão abordados em 4 aulas no Centro de Pesquisa e Formação do Sesc, que acontecem de 26 de março até 4 de abril, sempre às terças-feiras, a partir das 10h30. As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas.

A jornalista Gabriela Güllich, autora de “Filhas do Campo” e “São Francisco”, apresenta ferramentas para o público trabalhar narrativas jornalísticas em quadrinhos. Os frequentadores não precisam necessariamente desenhar. As principais etapas da construção de um produto de JHQ estão divididas em quatro aulas: 1 – Introdução ao JHQ; 2 – Roteiro e storyboard; 3 – Thumbnail, rabiscos e finalização e 4 – O que vem depois da HQ?.

Sobre a jornalista | Gabriela Güllich, jornalista e quadrinista. Atua nas áreas de direitos humanos e meio ambiente com foco em jornalismo visual. Venceu o Troféu HQMix com a HQ-reportagem “São Francisco”. Suas colaborações incluem a Revista O Grito!, Agência Pública, Mina de HQ, ((o))eco e Embaixada da França no Brasil.

CPF | O Centro de Pesquisa e Formação – CPF é um espaço do Sesc-SP que articula produção, formação e difusão de conhecimentos por meio de cursos, palestras, encontros, estudos, pesquisas e publicações nas áreas de Educação, Cultura e Artes.

Serviço:

Pensando o jornalismo visual: quadrinhos e expressões

De 26 de março a 4 de abril, terças-feiras, das 10h30 às 12h30

Inscrições em sescsp.org.br/cpf

Valores: R$18 / R$30 / R$60

Vagas: 30

Recomendação etária: a partir de 16 anos

Centro de Pesquisa e Formação – CPF Sesc

Rua Dr. Plínio Barreto, 285 – 4º andar

Horário: De terça a sexta, das 10h às 21h; sábados, das 10 às 18h30

Tel: (11) 3254-5600 | centrodepesquisaeformacao@sescsp.org.br.

(Fonte: Sesc SP)

Cursinho Pré-Vestibular Herbert de Souza abre período de matrículas

Campinas, por Kleber Patricio

Cursinho está em operação na Vila União há 25 anos e só em 2024 já possibilitou a entrada de mais de 40 estudantes em universidades públicas, colégios técnicos e institutos federais. Fotos: divulgação.

O Cursinho Preparatório Herbert de Souza está com matrículas abertas para pessoas interessadas em prestar vestibular e/ou vestibulinho ao longo de 2024. Ao todo são 300 vagas, distribuídas em turmas no período matutino, diurno e noturno. As matrículas deverão ser feitas pessoalmente na sede da instituição até o dia 9 de março.

Em operação desde o ano de 1998, o Cursinho Alternativo Herbert de Souza foi fundado com o propósito de preparar jovens estudantes oriundos das escolas públicas para que estes disputassem as vagas com mais chances de inserção nas faculdades públicas, estaduais e federais. “Estudantes interessados podem ir diretamente à secretaria do Cursinho das 9h às 20h munidos de documento de identidade e comprovante de endereço”, aponta a professora, doutora em Educação e coordenadora administrativa do cursinho Márcia Anacleto, que também é ex-aluna do projeto.

Impacto

Só em 2024, o cursinho Herbert de Souza aprovou mais de 40 estudantes, tendo estes ingressado em universidades, colégios técnicos, institutos federais e concursos públicos. O cursinho é um projeto popular que atua há mais de 25 anos com educação preparatória para vestibular (Unicamp, USP, Unesp, Unifesp, UFRJ), vestibulinho (Cotuca, Cotil, Etecap, ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e, mais recentemente, também passou a atender o público interessado em prestar concursos públicos.

O intento provou-se positivo e hoje a entidade coleciona histórias de homens e mulheres da periferia alunos de escola pública que, por meio do trabalho oferecido pelo cursinho, conseguiram cursar faculdade e, assim, em muitos casos, romper ciclos familiares de impossibilidade de acesso ao ensino superior.

Márcia Anacleto é uma destas histórias transformadas por meio da educação. “Estudei no Cursinho em 2000, enquanto trabalhava em uma empresa terceirizada. Os estudos e as aprendizagens que tive com professores e professoras que estudavam na Unicamp, USP, PUC, ampliaram minha visão de mundo e mostraram que era possível alcançar a universidade, àquela época muito excludente”, aponta Márcia.

Para a estudante Mary Barbosa, o cursinho Herbert de Souza foi definidor na entrada para a faculdade de História. “O cursinho Herbert de Souza foi essencial na minha trajetória até a faculdade. O Herbert me elevou a um nível de conhecimento maior, mas principalmente me despertou conhecimentos que eu já possuía, me despertou pertencimento a um povo que eu não considerava meu. Tive oportunidade de estudar de uma forma mais acolhedora e objetiva, e ter contato com estudantes da universidade que eu queria cursar: Unicamp. Com essa aproximação, ingressar na faculdade passou a ser algo mais tranquilo para mim, sem pressões, pois a abordagem no cursinho me proporcionou vivências e fatos que eu desconhecia sobre essa área. Por todo esse apoio e incentivo e a motivação ao acreditarem que eu era capaz, hoje me encontro matriculada na Unicamp cursando História”, comemora a estudante.

Auxílio Transporte e Alimentação

Tendo a proposta de atender o público da periferia e ciente da situação financeira que muitos estudantes atravessam, o Projeto Herbert de Souza oferece auxílio transporte e alimentação aos estudantes de baixa renda. “Os auxílios são fruto da parceria com o Projeto Colmeias, uma iniciativa da Pró-Reitoria da Unicamp com a Fundação FEAC, que oferece uma rede de apoio aos cursinhos populares”, esclareceu Márcia Anacleto.

A sede do Cursinho, na Vila União.

O projeto | O Projeto Herbert de Souza é um trabalho iniciado em 1998 por estudantes universitários que residiam nas imediações da Vila União e idealizaram um espaço onde as filhas e filhos de trabalhadores pudessem se preparar para o ingresso nas faculdades.

Com os lemas “Por uma universidade pública e popular” e “Pela difusão do conhecimento crítico”, integrantes do cursinho, com o apoio da comunidade, criaram e mantiveram espaço sem fins lucrativos, estabelecendo-se com uma alternativa aos estudos para o preparo aos exames vestibulares e vestibulinhos.

Serviço:

Matrícula Projeto Herbert de Souza 2024 – Curso Preparatório

A matrícula deve ser feita pessoalmente. Levar RG, CPF e comprovante de endereço

Até o dia 9 de março de 2024 (sábado), das 9h às 20h

Local: Rua Dusolina Leone Tourniex, 249 – Vila União – Campinas – SP

Mais informações:

Telefone: (19) 3223-0617

Whastaspp: (19) 98980-9272

Instagram: @cursinhoherbertdesouza.

(Fonte: Estúdio Una)

Atividade física do trabalho doméstico não ajuda a prevenir depressão — e pode até piorar quadro

Londrina, por Kleber Patricio

No contexto doméstico, atividade física foi associada por estudo a maior risco de sintomas depressivos em ambos os sexos. Foto: Cottonbro Studios/Pexels.

A relação entre a prática de atividade física e o indicativo de depressão em adultos brasileiros varia de acordo com o domínio em que essa atividade é realizada. Enquanto a atividade física realizada no tempo livre está associada a uma menor prevalência de sintomas de depressão, em outros domínios, especialmente no doméstico, a relação é inversa. Realizar atividade física durante os afazeres domésticos pode aumentar a chance de riscos de sintomas depressivos. Os resultados são de um estudo conduzido pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), no Paraná, e instituições parceiras, publicado na sexta (8) na revista científica Cadernos de Saúde Pública.

O estudo utilizou dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019 de mais de 88 mil adultos brasileiros para analisar como a prática de atividade física em diferentes contextos se relaciona com indicadores de depressão. Foram avaliadas atividades realizadas no tempo livre, por escolha do indivíduo, e atividades realizadas durante o cotidiano de deslocamento, afazeres domésticos e trabalho. A definição de atividade física foi ampla, englobando não apenas exercícios formais, mas também outras formas de movimento, como tarefas domésticas e deslocamento de um local para outro.

Os resultados da pesquisa relativizam a ideia do senso comum de que todo movimento conta e destacam a importância de considerar o contexto em que a atividade física é realizada. “Nossa pesquisa reforça estudos anteriores que indicam a importância de priorizar a promoção da atividade física durante o tempo livre. Este é o período em que as práticas são geralmente realizadas por escolha dos indivíduos, em contraste com os outros domínios, onde muitas vezes são realizadas por obrigação”, explica o pesquisador Mathias Roberto Loch, da UEL e autor do artigo.

O estudo também aborda uma diferença entre sexo e prevalência de depressão. A prática de atividade física relacionada ao deslocamento foi associada a uma maior prevalência de sintomas indicativos de depressão entre os homens, mas não entre as mulheres. Por outro lado, observou-se o oposto em relação à atividade física no ambiente de trabalho: as mulheres ativas nesse contexto apresentaram uma maior prevalência de sintomas indicativos de depressão em comparação aos homens.

Segundo Loch, os profissionais de saúde precisam entender a prática de atividade física para além do gasto energético. “Os resultados do estudo reforçam que é preciso focar mais em outros elementos, inclusive contextuais e simbólicos, da prática de atividade física”, afirma o pesquisador. Para ele, é essencial destacar o tempo livre como um domínio crucial para a prática de atividades físicas devido à sua associação com satisfação e escolha pessoal. Profissionais da saúde podem usar essa informação para direcionar estratégias mais eficazes de promoção da atividade física.

A depressão afeta 350 milhões de pessoas em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). De acordo com a PNS 2019, um em cada dez indivíduos relataram diagnóstico médico de depressão. As informações do estudo podem ser usadas na formulação de políticas públicas de promoção de um estilo de vida mais ativo que melhore a saúde mental da população.

(Pesquisa indexada no Scielo – Fonte: Agência Bori)