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Camerata Filarmônica de Indaiatuba abre inscrições para Canto Coral e Cordas Friccionadas

Indaiatuba, por Kleber Patricio

Aulas de Cordas Friccionadas envolvem violino, viola clássica, violoncelo e contrabaixo acústico. Fotos: Lillian Larangeira/ACAFI.

A Camerata Filarmônica de Indaiatuba está com vagas abertas para os cursos gratuitos de Canto Coral e Cordas Friccionadas no Projeto Camerata Comunidade. Além da reabertura do polo no Parque Corolla, o projeto também lança um novo endereço na região central e mantém as aulas no Parque Campo Bonito. As inscrições são online e seguem até 21 de abril. A iniciativa conta com apoio da Prefeitura de Indaiatuba por meio da Secretaria Municipal de Cultura.

O Polo 4 (CRAS Campo Bonito) oferece dois cursos: Cordas Friccionadas e Canto Coral, enquanto os Polos 5 e 7 oferecem Canto Coral apenas. A novidade é que o curso de cordas friccionadas do Polo 4, que antes era fechado e exclusivo para a escola municipal do bairro, agora é aberto a toda a comunidade, para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

No Polo 4, localizado no CRAS IV, que fica na Rua Benedita Carvalho, 213, no Parque Campo Bonito, as aulas de Canto Coral acontecem às segundas-feiras, em duas turmas: das 8h às 9h (20 vagas disponíveis) e das 15h30 às 16h30 (15 vagas). Inscrições para Canto Coral no Polo 4: https://forms.gle/KaGGbYFks9U7fvsw6.

Aulas de Canto Coral são voltadas para crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

As aulas de Cordas Friccionadas (violino, viola clássica, violoncelo e contrabaixo acústico) acontecem às quintas-feiras, em duas turmas para iniciantes, das 8h30 às 9h30 e das 14h às 15h30. Aqueles que já se encontram em níveis intermediários de ensino devem trocar o Polo 4 e agendar uma avaliação com os professores. Inscrições para Cordas Friccionadas no Polo 4: https://forms.gle/jJWYAYqAYwRwGhEc7.

O Polo 5 no Centro Esportivo do Parque Corolla, que fica na Rua Seraphin Gilberto Candello, no Jardim Morada do Sol, será reaberto. As aulas de Canto Coral acontecem às sextas-feiras, das 14h às 15h30, com 40 vagas disponíveis. Inscrições para Canto Coral no Polo 5: https://forms.gle/NgPhCpLeHptNZeXC6.

Novidade nesta lista, o Polo 7 está localizado na Rua Hércules Mazzoni, 873, no Centro, e oferece aulas de Canto Coral para jovens de 13 a 17 anos em dois períodos, das 10h às 11h (35 vagas) e das 14h às 15h (35 vagas). Inscrições para Canto Coral no Polo 7: https://forms.gle/NcNtrKPKH4YMftsu9.

Todos os cursos têm direção artística de Natália Laranjeira e coordenação pedagógica de Sabrina Passarelli. Mais informações pelo WhatsApp (19) 98445-3000 e (19) 98303-7213 ou pelo e-mail contato@cameratafilarmonica.org.

(Fonte: Prefeitura de Indaiatuba)

Um terço de adultos com mais de 35 anos apresenta gordura no fígado e maior risco de diabetes tipo 2

Minas Gerais, por Kleber Patricio

Foto: Vinícius Marinho/Fiocruz Imagens.

Esteatose hepática, popularmente conhecida como gordura no fígado, afeta 35,1% de 8.166 participantes de uma pesquisa que investigou fatores associados ao desenvolvimento de diabetes, doenças cardiovasculares e outras condições crônicas. O estudo, de autoria de pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e colaboradores da Universidade de São Paulo (USP) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), está publicado na edição de sexta-feira (14) da revista “Cadernos de Saúde Pública”.

A pesquisa evidencia que o aumento da gordura no fígado, condição encontrada em pessoas que desenvolvem doença hepática gordurosa não alcoólica, também está associada a outras taxas preocupantes para a saúde, como alto índice de massa corporal (IMC) e triglicerídeos. A maior prevalência foi encontrada em indivíduos do sexo masculino e com obesidade. Avaliando fatores sociodemográficos, percebeu-se que esse grupo possuía um nível mais baixo de escolaridade e de atividade física.

Os dados epidemiológicos apresentados nesse artigo são provenientes do ELSA-Brasil, o Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto. Após triagem, os mais de oito mil participantes, com idades de 35 a 74 anos, foram acompanhados por cerca de quatro anos por meio de entrevistas e exames clínicos que coletaram dados sociodemográficos e de saúde. Os pesquisadores detectaram diferenças em outros fatores clínicos comparando o grupo de participantes que tinha gordura no fígado com o grupo que não apresentava essa condição de saúde. O grupo com esteatose exibia níveis maiores de marcadores significativos, tais como IMC, circunferência da cintura, triglicerídeos, colesterol elevado e resistência à insulina.

A incidência de diabetes entre os participantes foi de 5,25%. Quando realizada a comparação entre os grupos com e sem esteatose hepática, os pesquisadores obtiveram uma incidência de 7,83% no grupo com esteatose hepática e de 3,88% no grupo sem esteatose. A presença de gordura no fígado aumentou em 30% o risco de se desenvolver diabetes. Mesmo após ajustes de índice de comparação, o risco de surgimento de novos casos de diabetes permaneceu sendo maior no grupo de participantes com gordura no fígado comparados àquele dos que não possuíam a condição.

Os autores destacam que esse é o primeiro estudo a confirmar o risco do desenvolvimento de diabetes em indivíduos com gordura no fígado numa população da América do Sul, corroborando dados existentes acerca da associação entre as duas condições de saúde. Tal relação também já havia sido apontada em outros estudos realizados, principalmente em asiáticos. Essa pesquisa tende a trazer mais informações, visto que o acompanhamento dos participantes continua. “A perspectiva é continuar acompanhando essa coorte de indivíduos e produzindo conhecimento sobre diversas condições crônicas não transmissíveis”, comenta Luciana Costa Faria, autora do artigo.

No Brasil, o cenário nutricional justifica a crescente dos índices de sobrepeso, obesidade e diabetes. A população exibe maus hábitos de alimentação e a doença hepática gordurosa não alcoólica é uma condição de alta prevalência, alcançando um índice de cerca de 25% da população geral, segundo a pesquisadora. As conclusões obtidas a partir desse estudo expõem o quão importante é que profissionais da saúde reforcem a conscientização de seus pacientes ao “aconselhar e recomendar mudanças significativas nos hábitos de vida, principalmente atividades físicas regulares, dieta saudável, perda de peso e controle dos demais fatores metabólicos”, diz Faria. Além disso, os serviços de saúde também podem implementar a identificação de pacientes com esteatose hepática como medida preventiva contra o desenvolvimento de doenças crônicas, como a diabetes.

(Fonte: Agência Bori / Pesquisa indexada no Scielo – DOI: https://www.scielosp.org/article/csp/2023.v39n3/e00090522/en/)

Prefeitura promove ação formativa de Relações Étnico-Raciais para profissionais da Rede Municipal

Indaiatuba, por Kleber Patricio

“Bullying não, racismo” teve como foco desenvolver o engajamento no combate às violências que ocorrem no ambiente escolar. Fotos: divulgação.

A Secretaria de Educação da Prefeitura de Indaiatuba promoveu uma ação formativa para os professores coordenadores das creches, creches parceiras, pré-escola e fundamental da rede municipal. A formação foi desenvolvida pelo setor de Orientação Pedagógica e o Núcleo de Formação Continuada em parceria com os membros da Comissão de Educação para Relações Étnico-Raciais. A temática “Bullying não, racismo” teve como foco desenvolver o engajamento no combate às violências que ocorrem no interior das instituições educacionais, dentro do que preceitua a Lei 10.639/03, atual 11.645/08.

A professora orientadora pedagógica Kelly Anísia Nogueira Lima reforça que é urgente a reflexão das ações antirracista dentro e fora do ambiente escolar. “Quando o adulto se cala diante de uma atitude racista, a criança que fez a “ofensa” se sente no direito de repetir, pois sua atitude teve legitimidade, enquanto que a criança que sofreu com as atitudes racistas se vê desamparada, não se sente acolhida”, explica.

“Bullying não, racismo”

Os objetivos da ação foram:

Repertoriar os profissionais que atuam na formação de adultos para diferenciar racismo de bullying fortalecendo seus conhecimentos para tomada de atitudes que combatam o racismo, enfrentem o bullying e implementem uma pedagogia antirracista no currículo escolar e orientem a prática dos docentes e dos profissionais de apoio no acolhimento respeitoso com a diversidade humana, em especial a criança negra.

Dar continuidade ao ciclo de ação antirracista – reconhecer, sentir, agir e avaliar as ações da escola na implementação do Projeto Pedagógico envolvendo toda a comunidade interna e externa da escola no combate ao racismo.

Repensar a lógica da pedagogia do evento e tornar a pauta antirracista uma ação contínua na escola, de forma que, ao socializar os conteúdos estudados ao longo do ano, a exposição do dia da Consciência Negra em 20/11, conforme estabelece o Parecer CNE/CP  003/2004, cumpra o papel educativo de combater o racismo, ampliar o conhecimento da história da África e da cultura afro-brasileira e valorizar a participação da população negra na construção da sociedade brasileira.

(Fonte: Secretaria de Educação/Prefeitura de Indaiatuba)

Fotógrafo Marcelo Oséas inaugura nova exposição “Cartas para o Futuro”

Paraty, por Kleber Patricio

Foto: Marcelo Oséas.

Compartilhando o fascínio pelo mar, as vivências com os povos caiçaras e os sonhos sobre o tempo porvir, o fotógrafo Marcelo Oséas inaugura, na sexta-feira (14), a exposição “Cartas para o Futuro” em parceria com a Fazenda Bananal, em Paraty (RJ). Além de ocupar o casarão tombado pelo Patrimônio Histórico da fazenda com a mostra central, uma versão pocket da exposição acontecerá na galeria do artista, localizada no centro histórico da cidade.

“Precisamos falar do futuro”, afirma o fotógrafo e curador Oséas envolto nas 20 obras que compõem a nova mostra, sendo 17 fotografias inéditas, que percorrem as formas de viver e os espaços ocupados pelas comunidades caiçaras de Paraty. Coletivos que convivem em harmonia com o mar, o mangue e a fauna e a flora da Mata Atlântica — hoje, menos de 12,5% do bioma original está preservado.

Foto: Marcelo Oséas.

“Nossas escolhas — as minhas e as de cada um de vocês — definirão a possibilidade da nossa existência daqui para frente”, lembra Oséas, enquanto apresenta imagens que convidam à reflexão sobre a vida das comunidades que estão em comunhão com a natureza e os caminhos necessários para a continuidade desse equilíbrio. Para o artista e, antes, para o ambientalista e líder indígena Ailton Krenak, o futuro é ancestral.

Inclusive, a parceria com Fazenda Bananal para viabilizar a exposição — que será itinerante e que contará com compensação ambiental — é parte daquele futuro que Oséas busca. Ocupando uma área de 187 hectares, o parque ecológico de imersão na Mata Atlântica preserva 70% da floresta nativa e oferece diversas experiências envolvendo questões como sustentabilidade e cultura paratiense.

Exposição Cartas para o Futuro

Por meio das 20 obras selecionadas, o fotógrafo foca na cultura e nos espaços ocupados pelas comunidades caiçaras de Paraty. Mais do que isso, Oséas expande o imaginário de quem está de fora para essa forma de vida. A mostra é um convite para ver o que eles veem em suas rotinas antes de se lançarem ao mar. São as flores, singelas ou exuberantes, as árvores, os barcos, as montanhas da baía, o mar e o horizonte preenchido pelos futuros possíveis.

O fascínio e a relação com a cultura caiçara, que é uma das mais diversas do país, começou ainda na primeira infância do fotógrafo, quando Oséas morou em Ubatuba, cidade localizada no litoral norte de São Paulo e próxima ao Rio, onde a presença do povo que vive do mar é muito viva.

Foto: Marcelo Oséas.

Unindo memórias da infância e as vivências da vida adulta, Oséas mimetiza um jardim caiçara na expografia da mostra, permeada pelo aroma da flor jasmim-de-leite, das pitangueiras e das folhas secas tão comuns na região. Fitilhos de algodão cru tingidos naturalmente preenchem o ambiente em alusão à diversidade da Mata Atlântica. No espaço, formam sinuosas curvas e divisórias que remetem aos caminhos internos das tantas comunidades que colocam Paraty como um dos grandes centros da cultura caiçara brasileira. Posteriormente, os retalhos serão usados nas embalagens da galeria.

Construídas a partir das madeiras que já integraram os barcos que cruzam a Baía de Paraty, as molduras das obras são um detalhe à parte. Fora de uso e abandonado nos estaleiros, o material teria como fim a fogueira se não fosse ressignificado pelo artista. Na mostra, tornam-se uma espécie de moldura-escotilha, focando o olhar para os modos de vida caiçara.

Responsabilidade social e ambiental | Como parte do processo artístico de Oséas, está a questão socioambiental. Na exposição “Cartas para o Futuro”, um terço do valor de cada fotografia vendida será destinado para a comunidade fotografada. Em paralelo, cada venda possibilita o plantio de uma nova árvore, ampliando as atividades de reflorestamento na região. O plantio das mudas é feito através da organização The Nature Conservancy (TNC), responsável por selecionar espécies nativas de cada bioma beneficiado.

Sobre Marcelo Oséas @marcelooseas

Foto: Rafaela Rosa.

Fotógrafo documental, Marcelo mora entre as cidades de Paraty e São Paulo. Estudou Ciências Econômicas pela Faculdade de Economia e Administração da USP (FEA-USP) e atuou por nove anos em grandes companhias brasileiras, assim como no terceiro setor. Migrou integralmente para a fotografia em 2012.

Sua produção está relacionada às expressões artísticas autóctones brasileiras, assim como culturas tradicionais, como a indígena, caiçara e sertaneja. Mantém como campo de pesquisa os processos de assimilação da sociedade de consumo dos elementos culturais nativos, com sua consequente integração ou eliminação.

Destaques dos últimos anos:

– 2019: Exposição individual na Galeria Yankatu, intitulada “Uma Crônica Munduruku”

– 2019: Exposição Duas Crônicas no Museu A Casa, compartilhada com a designer Maria Fernanda Paes de Barros

– 2020-22: Expedição pelo projeto de livro BrasisQueVi do arquiteto Gabriel Fernandes, para 12 Estados brasileiros

– 2022: Inauguração da Marcelo Oséas Galeria na cidade de Paraty/RJ

– 2022-3: Exposição solo – Tivoli Mofarrej – Quase Dez Anos.

Serviço:

Exposição Cartas para o Futuro

Quando: a partir do dia 14 de abril, com data final indefinida

Onde: Fazenda Bananal – Estrada da Pedra Branca – Paraty – RJ

Horário: todos os dias, das 10h às 18h. É possível entrar até às 17h

Ingresso: o valor de entrada na fazenda, incluindo a exposição e outras atividades, é de R$60,00, com meia-entrada para grupos específicos. Os moradores da cidade têm entrada livre às quartas-feiras. Mais informações: https://fazendabananal.com.br/.

Exposição Cartas para o Futuro | Versão pocket

A partir do dia 14 de abril, com data final indefinida

Local: Marcelo Oséas Galeria – Rua Dr. Pereira, 125 – Centro Histórico de Paraty – RJ

Entrada gratuita.

(Fonte: PressM)

Teatro: Milo Rau, Ailton Krenak e MST apresentam ‘Antígona na Amazônia’ no dia do Massacre de Eldorado de Carajás

Amazônia, por Kleber Patricio

Em 1996, a polícia brasileira criou um banho de sangue contra os sem-terras. Foto: João Roberto Ripper.

No estado brasileiro do Pará, próximo à cidade de Marabá – onde 21 militantes do MST foram assassinados pela polícia militar em 17 de abril de 1996 em uma estrada na floresta amazônica durante uma “marcha pela reforma agrária” –, Milo Rau está encenando uma nova versão do “Antígona” de Sófocles junto com o movimento sem-terra MST e ativistas indígenas na primavera de 2023. A peça culmina com uma encenação do próprio massacre no local e no aniversário do crime, como parte da cerimônia anual de rememoração dos mortos durante o acampamento da juventude na Curva do S. O papel de Antígona é desempenhado pela ativista indígena Kay Sara e o coro é formado por sobreviventes do massacre e suas famílias que vivem no Assentamento 17 de abril, terra ocupada desde 1996. E, finalmente, o vidente cego Tirésias é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido Ailton Krenak. “Antígona na Amazônia” estreará em 17 de abril de 2023 às 9h em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica”, no exato dia e local do massacre.

Sinopse

Para “Antígona na Amazônia”, Milo Rau e sua equipe viajam para o estado brasileiro do Pará, onde as florestas queimam devido à expansão das monoculturas de soja e a natureza é devorada pelo capitalismo. Juntamente com indígenas, ativistas e atores, a Antígona de Sófocles é recriada em uma ocupação agrária na Amazônia brasileira, recriada como um choque sangrento da sabedoria tradicional contra o turbo-capitalismo global – um épico da luta da humanidade contra sua queda auto infligida em ganância, cegueira e hubris.

Para esse experimento, o Elenco Global do NTGent se une a artistas brasileiros. Pela primeira vez na história do teatro, uma atriz indígena, Kay Sara, interpreta Antígona – o coro da tragédia consiste em sobreviventes do maior massacre dos sem-terra pela polícia militar brasileira até hoje – e Tirésias é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido Ailton Krenak.

“Antígona na Amazônia”: imagem da campanha
Foto: Armin Smailovic.

“Antígona na Amazônia” estreará em 17 de abril de 2023 em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica”, no dia e local do massacre. A estreia europeia será em 13 de maio de 2023 no NTGent (Gante, Bélgica), conduzida pelo diretor artístico Milo Rau. Paralelamente à peça, uma campanha para salvar a Amazônia está sendo desenvolvida em conjunto com o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra e muitas outras ONGs.

Pela primeira vez na história do teatro, uma atriz indígena, Kay Sara, interpreta Antígona.

Contexto

“Muitas coisas são monstruosas, mas nada é mais monstruoso do que o homem”, diz a peça mais famosa e adaptada na literatura de tragédia “Antígona”. A peça centra-se no conflito entre Antígona e Creonte, entre a sociedade tradicional e o moderno estado capitalista. Por “razões de Estado”, Creonte não quer permitir o enterro do irmão de Antígona e viola a lei dos deuses, mergulhando sua família e toda a cidade em desastre. Assim, no século V a.C., Antígona surge, talvez como a crítica mais radical do que mais tarde seria chamada de “civilização ocidental”, e conquistaria o mundo inteiro – uma canção sombria sobre os limites do esclarecimento e os perigos de explorar a natureza.

Foto: Armin_Smailovic.

Se no tempo de Sófocles o apocalipse cantado em Antígona era uma noção sinistra, na era do Antropoceno tornou-se um fato. Portanto, em abril de 2023, Milo Rau e sua equipe reformularam Antígona como um “fim de jogo” global no Pará, o estado mais setentrional do Brasil, à beira da Amazônia. Porque aqui o futuro da humanidade está em jogo – e com ele, todas as formas de vida na Terra.

Durante a pandemia de Covid-19, o ataque do agronegócio brasileiro e seus parceiros europeus – da Ferrero à Nestlé – à maior floresta primitiva contígua da Terra, ainda se intensificou. Não apenas o pulmão verde do planeta está ameaçado, mas também as pessoas que vivem lá e suas tradições milenares.

Sobre a trilogia de mitos antigos de Rau

Após a produção mundialmente debatida “Orestes em Mosul” (aqui, em inglês), na antiga capital do Estado Islâmico, e o filme cristão “O Novo Evangelho” (também em inglês) nos campos de refugiados do sul da Itália, Rau e sua equipe agora viajam para a Bacia Amazônica no Brasil para a conclusão de sua Trilogia de Mitos Antigos. Juntamente com povos indígenas, ativistas e atores da Europa e do Brasil, a Antígona de Sófocles está sendo recriada em uma ocupação agrária como um confronto sangrento entre a sabedoria tradicional e o turbo-capitalismo global; um épico da luta da humanidade contra sua queda auto infligida na ganância por lucro, cegueira e hubris. E também fazendo uma pergunta para a própria arte: o que a arte comprometida pode alcançar? A arte pode ajudar onde a política falha?

Preparação da sessão de fotos em março de 2020. Foto: Armin Smailovic.

Depois de projetos políticos, como “O Tribunal do Congo” e “Assembleia Geral”, e peças narrativas e representativas, como “A Trilogia da Europa”, “Compaixão” e “La Reprise”, Milo Rau voltou-se recentemente para os mitos fundadores da civilização ocidental.

Em Mosul, capital iraquiana do Estado Islâmico até 2017, Rau e sua equipe encenaram “Orestes em Mosul” (2019), baseada na Oresteia de Ésquilo, com atores iraquianos e europeus. No meio da zona de guerra, o elenco, juntamente com a Academia de Belas Artes de Mosul, fez a pergunta que talvez seja a mais premente de todas as civilizações: como encerrar a tragédia; como o perdão e, portanto, um novo começo são possíveis? O projeto teatral deu origem a uma escola de cinema (em inglês) que Rau e o NTGent fundaram em conjunto com a Academia de Belas Artes de Mosul e a Unesco.

“A aula de cinema de Milo Rau faz história” foi a manchete na art.tv. O Arab News resumiu: “De Mosul, jovens estudantes de cinema iraquianos contam suas próprias histórias”. Os curtas-metragens da primeira turma de estudantes estão atualmente em turnê em festivais de cinema europeus e um festival de cinema de Mosul (Mosul Biennale) está em preparação.

Foto: Fernando Nogari.

Com “O Novo Evangelho” (2019/20), que estreou no Festival de Cinema de Veneza de 2020 – e ganhou, entre outros prêmios, o Swiss Film Prize –, Rau e sua equipe trabalharam com refugiados, leigos e atores dos filmes sobre Jesus de Pasolini e Mel Gibson para adaptar a mensagem social revolucionária do Novo Testamento para o século XXI – provocando uma revolta pelos direitos dos imigrantes explorados pela máfia nas plantações de tomate no sul da Itália. Como parte das filmagens, distribuição do filme e um sistema justo de distribuição de tomate, mais de mil refugiados no sul da Itália foram regularizados. Assim, “O Novo Evangelho” é a que mais se aproxima do que Milo Rau chama de micro ecologias em seu livro “Theatre is Democracy in Small” [O Teatro é a Democracia a Menor]: “coletivos improváveis, sistemas alternativos de produção e distribuição de dignidade” que usam o sistema capitalista para humanizá-lo.

E agora, depois da “Oresteia em Mosul” e da Bíblia no sul da Itália, a Antígona de Sófocles é reencenada junto com o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, ativistas indígenas e atores da Europa e do Brasil. “Antígona na Amazônia”, que Rau e sua equipe vêm preparando desde 2019, conclui o engajamento de Rau com os grandes mitos e questões da humanidade.

Sobre Antígona na Amazônia

Como nos projetos anteriores, a pergunta de Rau é: quais atores, qual constelação política permite que esse texto sobre o embate entre a sociedade tradicional e a moderna nos fale novidades? Como o teatro pode criar narrativas alternativas à utopia real de uma civilização mais justa e humana após o capitalismo? Como podemos superar o pensamento trágico juntos? Para a encenação de sua Antígona para o século 21, o diretor e sua equipe vão para o estado brasileiro do Pará, onde as monoculturas de soja estão se expandindo sobre a floresta amazônica (incendiada) e o capitalismo está – por assim dizer – devorando a natureza, a convite de e em colaboração com o MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), o maior movimento sem-terra do mundo. Eles estão criando uma peça educativa sobre a devastação violenta e o deslocamento causado pelo Estado moderno, que coloca a propriedade privada – e, portanto, o comércio e a especulação globais – acima do direito tradicional à terra.

Foto: Gaviano.

Os diálogos de embate entre Antígona e Creonte, bem como as passagens do coral, que têm sido reinterpretadas por 2.500 anos, serão ressignificadas em oficinas junto com ativistas do MST e atores do Brasil e da Europa. É um choque da ordem mundial liberal com a cosmologia holística dos povos indígenas do Brasil, que na era do colapso climático iminente estão cultivando uma abordagem da natureza voltada para o futuro. Mas a crítica de Sófocles à arrogância humana (hubris), à ideologia da exploração e da viabilidade, à questão da justificação da violência estatal e da resistência civil também se reflete no próprio elenco, nas histórias dos atores envolvidos e nos debates que se desenvolvem entre eles.

Sobre o elenco

Como em “Orestes em Mosul” ou “O Novo Evangelho”, atores europeus e locais, amadores e profissionais se encontram em “Antígona na Amazônia”. Aqui, também, os impactados contam suas próprias histórias e submetem a tragédia mais famosa da literatura europeia a uma leitura completamente nova.

O papel de Antígona é interpretado pela atriz, ativista e diretora indígena Kay Sara. O coro é composto por sobreviventes do massacre cometido pela polícia militar em 1996 em Eldorado do Carajás . A performance brasileira acontecerá no dia 17 de abril de 2023 nos locais simbólicos do conflito do Estado brasileiro contra os sem-terra e a população indígena – na estrada fechada pela selva onde ocorreu o massacre, na plantação posteriormente ocupada pelos sobreviventes e habitada até hoje e nas florestas e aldeias da população indígena.

Hêmon, Creonte, Ismênia e Eurídice são interpretados alternadamente pelos dois belgas Arne De Tremerie, Sara De Bosschere e o brasileiro Frederico Araujo, membros do Elenco Global do NTGent e ativistas do movimento dos sem-terra. Finalmente, no papel do vidente cego Tirésias, que prevê a autodestruição de Creonte, é interpretado pela liderança indígena, ambientalista e escritor mundialmente conhecido Ailton Krenak.

Sobre o making of e a campanha política

As filmagens públicas e a estreia mundial de Antígona na Amazônia serão seguidas, como uma instalação de vídeo teatral, por uma turnê pela Europa realizada em conjunto com o Movimento dos Sem Terra. O diretor brasileiro Fernando Nogari, conhecido por seus videoclipes para a cantora Selena Gomez, está fazendo um filme de bastidores sobre “Antígona na Amazônia”, documentando o contexto político, o processo de ensaio e produção e, em geral, a situação política naquele que é provavelmente o ponto decisivo do nosso tempo.

Mas tudo isso não bastou: paralelamente ao projeto teatral, está sendo desenvolvida uma campanha política que defende a produção agrícola sustentável na região amazônica. Porque onde a política falha, só a arte pode ajudar.

Créditos

Conceito e direção: Milo Rau

Texto: Milo Rau & elenco

Em colaboração com Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST)

Elenco: Frederico Araujo | Sara De Bosschere | Kay Sara | Arne De Tremerie

No vídeo: Gracinha Donato, Célia Marácajá e o Coro dos Militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e, como Tirésias, Ailton Krenak

Músico: Pablo Casella Dos Santos

Dramaturgia: Giacomo Bisordi, Martha Kiss Perrone, Douglas Estevam da Silva

Assistentes de dramaturgia: Kaatje De Geest, Carmen Hornbostel

Colaboração na concepção, pesquisa e dramaturgia: Eva-Maria Bertschy

Composição musical: Elia Rediger e Pablo Casella Dos Santos

Cenografia: Anton Lukas

Figurino: Gabriela Cherubini, An De Mol, Jo De Visscher, Anton Lukas

Iluminação: Dennis Diels

Design de vídeo: Moritz von Dungern

Making of e videoclipe: Fernando Nogari

Edição de vídeo: Joris Vertenten

Assistente de direção: Katelijne Laevens

Estagiário (assistente de direção): Chara Kasaraki, Lotte Mellaerts

Gestão de produção: (Europa) Klaas Lievens

Gestão de produção: (Brasil) Gabriela Gonçalves

Assistente de produção: Jack dos Santos

Gestão técnica de produção: Oliver Houttekiet

Diretor de palco: Marijn Vlaeminck

Com um especial agradecimento a: Carolina Bufolin

Produção: NTGent, Instituto Internacional de Assassinato Político (International Institute of Political Murder – IIPM)

Coprodução: Festival D’Avignon, Festival Romaeuropa, Festival Internacional de Manchester, La Vilette Paris, Tandem Arras Douai, Künstlerhaus Mousonturm Frankfurt, Equinoxe Scène Nationale Châteauroux, Festival de Viena

Com o apoio de: Instituto Goethe São Paulo, programa COINCIDÊNCIA – Intercâmbios Culturais entre Suíça e América do Sul – PRO HELVETIA, The Belgian Tax Shelter (Programa de Incentivo Fiscal ao Audiovisual da Bélgica)

Serviço:

Antígona na Amazônia

Dia 17 de abril de 2023 em uma ocupação em uma rodovia federal que corta a Amazônia, a chamada “Transamazônica” no dia e local do massacre

*A estreia europeia será em 13 de maio de 2023 no NTGent (Gante, Bélgica), conduzida pelo diretor artístico Milo Rau

Assista ao trailer aqui.

Próximas datas

17/4/2023: reencenação do Massacre de 17 abril 1996 (mais informações abaixo)

13/5/2023: estreia mundial de “Antígona na Amazônia” em Gante (Bélgica), no NTGent

19-21/5/2023: “Antígona na Amazônia” em Amsterdã (Países Baixos), no ITA

25-27/5/2023: “Antígona na Amazônia” em Viena (Áustria), no Festival de Viena (Wiener Festwochen)

1-4/6/2023: “Antígona na Amazônia” em Frankfurt (Alemanha), no Künstlerhaus Mousonturm

13 e 14/6/2023: “Antígona na Amazônia” em Douai/Arras (França), Tandem Scène Nationale

17/6/2023: “Antígona na Amazônia” em Roterdã (Países Baixos), no Schouwburg

16-24/7/2023: “Antígona na Amazônia” no Festival d’Avignon, Avignon (FR).

Ainda este ano, “Antígona na Amazônia” também pode ser visto em Basiléia (Suíça), Roma (Itália), Bydgoszcz (Polônia), Lyon (França), Lisboa (Portugal), Porto (Portugal), Madri (SPA), Châteauroux (França), Paris (França), Bruges (Bélgica), Turnhout (Bélgica) e Antuérpia (Bélgica).

(Fonte: Canal Aberto Assessoria de Imprensa)